Era manhã de primavera quando a jovem Haru recebia uma missão em seu laboratório. Uma pássaro negro pousava ao seu lado, e, então transformava-se em uma pessoa. Um ninja de cabelos negro esverdeados com olhos sem vida e uma feição um tanto apática, que, logo já ia falando e entregando um pergaminho detalhando mais as instruções. - Cuide da garota.

"A família de uma garota foi morta e ela encontra-se em um estado psicológico delicado. Um jonin, amigo da família solicita que alguém tome conta dela por alguns dias para que ela possa recuperar-se antes de ser acolhida no orfanato e, que também faça a escolta dela caso os agressores voltem para tentar silenciar uma possível uma testemunha restante."

Quando terminasse de ler, o homem já teria se ido em névoa tão carismático como chegou. Havia um endereço também para pegar a garota, aparentemente a própria residência onde tudo tinha acontecido, e, só. Não havia informações sobre horários ou momento do início, nada.


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　　　O olhar violáceo pairava acima do composto químico: um líquido púrpuro que ainda estava na fase de elaboração. Em seu cotidiano, Haru se dedicava a pesquisas e a composição de venenos; ajeitava-se numa sala do Laboratório da Névoa para isso, contando com a tutela da diretora da ala de botânica, a senhorita Abe Sayuri.

　　　Apesar da existência de sua tutora, a kunoichi de olhos violeta passava a maior parte do tempo apenas na companhia de sua serpente albina, além das pilhas de livros, dos tubos de ensaio e  dos ingredientes para produção de especiarias.

　　　Um dos dias daquela primavera foi diferente, porém.

　　　A garota recebeu a visita do ilustre pássaro negro, o corvo mensageiro, mas que dessa vez não trouxe um pergaminho enrolado à pata. A plumagem escura foi sobreposta por uma baforada de fumo branco e logo uma silhueta humana tomou de conta: um oficial da Névoa entregava pessoalmente o pergaminho.

　　　Cuide da garota? Haru repetiu as palavras do homem em pensamento, então tomou posse do pergaminho e o abriu. Nesse ínterim, o oficial se desfez em fumaça, sumindo dali — algo que ela já esperava, tanto que nem esboçou reação.

　　　Com um ar blasé, Haru olhou para Shiro e o recolheu de cima da mesa, enrolando-o em volta do pescoço e, de imediato, dirigiu-se para o endereço que constava na mensagem.

Considerações:

E então a garota foi em direção ao seu trabalho, sem muitos preparos, sem muita atenção talvez. Cuidar de uma criança? Qual problema poderia haver, certo? Talvez fosse um trabalho até irrisório de mais para alguém com a sua patente em sua imaginação, mas, ainda assim não contestava. Passos lhe levam até o exterior, em um casebre mais afastado com uma cerca quebrada e sinais de batalha um tanto desorganizados, e, que por sua percepção era fácil supor que tratava-se de conflitos em dias diferentes. Na frente da casa, com a porta indo abrindo bem devagar, conseguia notar uma pequena de fios negros espreitando.

Quando os olhos dela alcançavam o de Haru, ela fechava quase imediatamente apenas para abrir depois e olhá-la com certa curiosidade. O rangido precede os primeiros passos da pequena em direção à Haru, aparentemente muito cautelosa. - Você vai me bater também? A pergunta era quase um sussurro de uma voz sem força. A garota tinha queimaduras no rosto além de outras escoriações, era bem magra e suas mãos tinham diversos cortes, cicatrizes e calos. Em sua cabeça também havia algo incomum, ela tinha orelhas um tanto diferentes que, para a jovem kunoichi porém não seriam as primeiras que teria visto, já que havia alguém semelhante em sua incursão ao país das ondas.

Pouco tempo havia para respostas e nem tanto precisaria pensar para logo entender o motivo da pergunta. Por cima da garota, a mais ou menos cinco metros ela conseguiria notar um homem de meia idade e fios negros com olhos atônitos. Suas mãos selavam algo, e, logo ele estaria conjurando uma grande bola de fogo na direção da dupla que recém havia encontrado-se


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　　　Haru observou que o endereço a levou para fora dos muros que cercavam a Névoa. Sentiu um calafrio tocar sua espinha, e sabia que o sentimento ia além da reação ao frio comum que era arraigado na neblina: ela reconhecia o perigo que se instaurava nas nações.

　　　Quem sabe é isso que assombra a menina, Haru falou consigo mesma, já chegando a seu destino.

　　　Uma casa de aspecto arruinado era o que aguardava a garota. Ela passou pela cerca defasada e vislumbrou o arame quebrado, pensando: Sinais de luta? Havia uma grande desconfiança pulsando na mente da kunoichi, mas que era tapada pelo rosto de tez lívida e expressão plácida.

　　　Ao longe, viu que sua presença foi notada enquanto ainda caminhava em direção à porta. A folha de madeira abria-se devagar, revelando uma menina de fios negros e... orelhas felpudas? Faz um certo tempo que vi alguém assim, constatou. Mas não somente as lembranças de uma mulher-lobo surgiram em sua mente, a imagem das marcas de ferimentos por todo o corpo da pequena também estiveram em foco para Haru.

　　　A menina felina apressou o encontro, andando cautelosamente até chegar próxima da representante da Névoa. Os olhos violeta teceram uma boa análise sobre a menina, e tão logo reagiram com um franzir de sobrancelhas à pergunta proferida por ela.

　　　— Eu vim para cuidar de você — respondeu Haru, com suavidade na voz. Ela captou a fraqueza no timbre da garota, mas não deixou sua preocupação transparecer. — Diga-me, menina, como se chama?

　　　A real vontade de Haru era saber quem foi o autor das feridas da pequena. Todavia, entendia que começar com uma interrogação não era o melhor a se fazer. A menina estava em um estado alarmante e debilitada.

　　　Não houve tempo para continuar a conversa, tampouco obter o nome da garota.

　　　Do cenário acabado, um homem apático apareceu, e sua presença logo foi avistada de soslaio pelos orbes violeta. Sem proferir qualquer palavra, o homem juntou as mãos e começou a tecer alguns selos — Haru não sabia identificar que técnica seria conjurada, mas era capaz de perceber a afronta que estava por vir.

　　　De imediato, a kunoichi da Névoa deixou seu chakra fluir pelo ambiente. Puxou a garota para trás de si, e então deixou a nuvem cor-de-rosa formada por inúmeras borboletas cercarem as duas. Evocadas com o ímpeto da batalha iminente, as aparições rosadas amontoaram-se à frente para suportar as chamas que em seguida jorraram da boca do homem.

　　　Haru, virada para o oponente, diria em alto tom:

　　　— Quem é você?

　　　Ela manteria a menina em suas costas, cercada pelo braço esquerdo, sob seu manto branco e com as borboletas restantes orbitando em sua volta.

Considerações:

A menina parecia surpresa, talvez até animada ao ouvir a violeta falando normalmente com ela, apesar de não respondê-la talvez pela ansiedade dos eventos ou até a falta de tempo. Um pananpaná de borboletas as envolviam de forma um tanto artística e bela, ao menos até que elas começassem a ser queimadas como uma espécie de escuda bem diante dos olhos da pequena que assustava-se com o fato de elas estarem "morrendo". Elas não era reais, mas, para a criança elas pareciam ser e isto a fazia soltar um pequeno gritinho, juntando a tokujo pela sua mão e puxando-a para longe.

Haru não era exatamente forte, então, era difícil medir o mérito da garota no seu feito, mas, o fato era que ela não podia contrapor fisicamente, sendo praticamente arrastada em fuga. Uma coisa que a pequena shinobi poderia notar é que ao se afastarem o suficiente, o homem tropeçava e o jutsu em choque com as borboletas desafazia-se. Antes de virarem por trás de um bosque ele parecia até "confuso".

Quando paravam ela soltava a mão já vermelha e finalmente respondia. - Meu nome, arf, ai, é Har... Haru. Sua xará ali não sabia bem o que estava acontecendo, mas, uma sensação estranha lhe corria. Era como se seus pensamentos estivessem meio perdidos ou nublados, mas, ela conseguia manter-se estável. Um barulho havia por perto também, como passos em meio às folhagens de onde encontravam-se apesar de ainda não ver nada.


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　　　O cenário mudou e seus acontecimentos ocorreram de modo muito, muito intempestivo. Tanto que, quando finalmente Haru parou e observou mais uma vez a garotinha, sentiu-se levemente embriagada. Foi evidente que seus pensamentos haviam perdido velocidade: para alguém como ela, ter o raciocínio prejudicado era significativo como um velocista ter suas pernas comprometidas.

　　　Haru questionava a situação, esboçando um semblante encabulado, em que seus olhos varriam a paisagem, alternando entre a menina e o homem caído no chão.

　　　Foi então que, numa atitude efêmera, a kunoichi aproveitou o toque para injetar uma quantia de chakra na garota, marcando-a com o Selo do Auto-Amaldiçoamento. Cuidadosamente posicionado numa parte da pele oculta pelas vestes, o fūin permitiria que Haru imobilizasse a jovem caso fosse preciso. Mas por que a Chūnin faria isso? A estranheza da atmosfera exigia ações precavidas e a tontura repentina — quiçá até o infame homem — talvez fosse obra da Orelhas Felpudas.

　　　— Haru também é o meu nome — respondeu Haru, disfarçando suas incertezas com um sorriso nos lábios rosados. — Você sabe quem era aquele homem? E quem fez isso com...

　　　Passos dobraram a grama e quebram as folhagens espalhadas pelo chão. Os olhos violeta correram em volta, mas não encontraram nada. Então Haru continuou:

　　　— Preciso que me diga tudo o que sabe sobre as pessoas que estão atrás de você — Haru hesitou, fitando a Orelhas Felpudas nos olhos — ... e quem é você. Eu garanto, pela Névoa, que cumprirei o meu papel nesta missão.

　　　De maneira paralela as suas palavras, a kunoichi apanhou com seu olhar um objeto qualquer do cenário que estivesse a dez metros de distância para usá-lo como alvo da técnica de substituição.

Considerações:

O jutsu da garota era efetivo, não havia nenhuma demonstração física que ela sequer houvesse percebido as intenções da mais velha. Quando elas paravam, a garota retrucava o nome com uma brincadeira em um sorriso infantil. - Haru está ali, Haru está aqui... Mas a feição não durava muito, não pelas falas de Haru, na verdade até antes daquela que logo seria respondida. - Eu não sei...

Era fato que algo sobre tudo aquilo era um tanto estranho, e, ficava ainda mais com a resposta seguinte. - Haru é Haru, mas não tem ninguém atrás da Haru. Todo mundo não gosta muito da Haru, foi o que disseram... Também não gostam de você? A garota ia perguntando com um biquinho duvidoso, brincando com os pés na grama embaixo de si, quando o vislumbre de uma flecha atravessava entre as duas zunindo em um som característica. Outra vinha quando a garota empurrava Haru tentando ajudá-la, recebendo-a em seu braço, e, logo uma terceira cortava o ar batendo contra a suposta garota apenas para revelar um pedaço de galho caído de onde ela havia saído ao trocar de posição.

Em círculos, o que parecia ser um caçador ia rodeando o ambiente recarregando sua flecha silenciosamente. A garota estava ainda na mesma posição segurando o braço perfurado, um tanto exposta, e, cada vez mais aquela sensação estranha percorria a violeta.


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　　　As respostas da menina de traços felinos ecoaram na mente de Haru. Antes atinada, agora enebriada, a cabeça da kunoichi raciocinava as palavras que chocavam-se às sinapses mais lentas, porém, ainda assim, de uma mente deslumbrantemente formidável.

　　　"Haru está ali, Haru está aqui... Haru é Haru, mas não tem ninguém atrás de Haru... Todo mundo não gosta muito da Haru, foi o que disseram..."

　　　E se ela for... a Chūnin ia e vinha no seu mar de contestações e suposições, a sua própria inimiga.

　　　Um sorriso forçado tornou a curvar os lábios de porcelana. A Watanabi de tez pálida levou a mão direita para as costas, escondendo-a sob o manto branco, então começou a fervilhar seu chakra na ponta de cada um dos dedos. E pensou: É uma técnica arriscada, eu ainda não a domino, mas preciso tentar. A energia, pouco a pouco, ganhava forma, materializando-se como pequenas labaredas de cor púrpura acima de cada dedo.

　　　Então o silvo de Shiro se intensificou.

　　　Um assalto zuniu no ar, subitamente, interrompendo as ações de Haru que, ao virar o rosto à procura do que havia acontecido, sentiu apenas o empurrão da garotinha para tirá-la da linha de fogo. No piscar dos olhos violeta, a kunoichi viu o sangue da pequena espirrar sobre si depois da inesperada flecha a acertar e milésimos antes de ter sua posição rearranjada pela técnica de substituição.

　　　Em sua nova posição, Haru notou, por meio de calafrios, a presença de alguém esgueirando-se nos arredores. Com um olhar destemido e com a mente lutando ativamente contra o entorpecimento de seus sentidos, a representante da Névoa contraiu a mandíbula e uniu os dedos para tecer o selo do carneiro espelhado. Enquanto isso, tensionou os joelhos e disparou em direção a Orelhas Felpudas.

　　　Espalhando o chakra pelo ambiente, Haru trouxe a presença das borboletas cor-de-rosa uma vez mais. E, novamente, os espíritos da primavera se reuniriam em volta das duas, voando em círculos até fazerem alusão a um tornado de pequeno porte. Seu objetivo era simples: não permitir que nenhuma flecha entrasse.

　　　Quando os orbes violeta puderam fitar a criança de novo, o selo previamente instalado foi ativado. Gravuras de cor preta percorreriam todo o pequeno corpo, imobilizando-o.

　　　No ínterim de passos firmes para se aproximar da menina, Haru abusava de seu exímio controle da energia espiritual para reaver a técnica interrompida anteriormente. Ainda com a mão direita recuada e oculta pelo manto, os finos dedos recebiam o fervor do chakra que voltava a se moldar em pequenas labaredas. Cinco chamas de cor púrpura, uma sobre cada dedo, eram acendidas.

　　　Shiro silvava freneticamente, mas Haru concentrava-se em manter seu rosto o mais límpido possível.

　　　— Acalme-se, pequena — diria Haru, chegando mais perto e se abaixando para ficar na altura da menina. — Confie em mim. Como uma boa Haru, eu sei que você sabe que estou dizendo a verdade. Eu sei disso.

　　　E então a kunoichi levaria as labaredas de encontro à menina de orelhas felpudas. Com o toque dos dedos no estômago dela, o Selo dos Cinco Elementos inibiria o poder contido naquela criança, aparentemente incapaz de controlar suas capacidades.

Considerações:

Seu ego valia-se pelos seus feitos. Se os deuses que habitam na névoa densa pudessem ouvir seus pensamentos, eles certamente sussurrariam. É melhor provar-se. E ela assim o fez, suas ações foram rápidas, controladas, esquivou-se do ataque, conteve seu adversário de prosseguir no ataque e então restringiu a pequena. Ela precisava? Não sabia, em verdade, usar tudo aquilo ao mesmo tempo, raciocinar muitas coisas ia agitando seus pensamentos e seu corpo, deixando-a um tanto... Irritada.

Foi quando ela chegou ao centro que outro indício de sua resposta procurada viria à acontecer. Quando ela selava a garota, tocando sem resistência a barriga desta que fitava os olhos de Haru apavorada, o que ouvia era a queda de dois corpos. A garotinha caía ao centro, e, o caçador também caía do lado de fora como um corpo seco batendo contras as ervas rasteiras.

Tudo que ela podia ver era a outra Haru ali, caída inconsciente aos seus pés, mas, ela sentia uma vontade intensa, única. Uma raiva que talvez só sentisse contra os seus piores inimigos, seus braços quase moviam-se sozinhos, ela queria chutá-la, agredi-la, torturá-la. Era incerto dizer se esta vontade passaria depois de selá-la, mas, naquele momento ela estava em seu ápice, quase no ponto em que ela poderia perder o controle sobre si própria.


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　　　Os olhos violeta estremeceram. Eles observaram a garotinha de orelhas felinas caída, desacordada. As borboletas iam parando seu voo, lentamente, até voltarem ao seu estado de pura energia e se dispersarem, sumirem. O sentimento de embriaguez continuava atordoando os sentidos da kunoichi. E um sentimento novo se fez presente nas conturbações de seu pensamento: raiva; um ódio descomunal que crescia gradativamente.

　　　O que está acontecendo? Por que não parou?

　　　Haru olhou para as próprias mãos que abriram as palmas bem diante da pequena no chão. A raiva era tanta que contaminava seu foco, embaçando sua visão e enchendo seu corpo de arrepios. Uma vontade que quase conseguia se descontrolar para finalizar aquela menina.

　　　A filha da Névoa arfou, ofegante, numa tentativa desesperada de seguir um regime de respirações regradas para reaver a estabilidade de sua consciência.

　　　Se não parou, então não era ela? Ou será que eu devo matá-la para... Não, não posso matá-la. Não posso...

　　　Haru levou as mãos à cabeça como se isso fosse conter os seus pensamentos obscurecidos. A serpente albina silvava freneticamente, sentindo a aflição de sua companheira, mas, pela primeira vez, o assovio da língua bifurcada parecia atrapalhá-la. E foi justo nesse momento, quando um fragmento ainda são de sua consciência notou a aversão que sentiu com o silvo de Shiro, que ela obteve um ímpeto efêmero em seu coração.

　　　Reunindo o que ainda restava de controle, unindo ao desespero e à vontade, Haru gritou:

　　　— Kai!

　　　Ela tentou, então, restituir sua estabilidade através da técnica de dissipação de Genjutsu.

Considerações:

Uma mente mais fraca teria cedido ao desejo de assassinar a pequena, ou, no mínimo de agredi-la com violência. Era um desejo intenso, o suficiente para que até o silvo de sua pequena amiga lhe fosse razão de ódio, e, através disso notando seu estado perturbado, ainda tentando-se livrar daquela sensação. Ela proferia o Kai, mas, com seu controle genuíno de chakra conseguia notar que nada ocorria em seu fluxo já comum. Ainda assim, ela parecia ficar um pouco mais tranquila. Ao longe, o caçado caído erguia-se possivelmente causando o medo de um ataque prosseguir agora que ela tinha abaixado as suas borboletas, mas, ele só parecia confuso lhe trazendo lembranças do primeiro quando elas afastaram-se.

Ela estava certa? Estava errada? Um rastro verde pousava em sua frente enquanto ela ainda estava completamente aturdida. - Fluxo de chakra selado, interessante. Resistiu bem... O homem, o mesmo que havia lhe dado a missão a priori a elogiava enquanto ela continuava progressivamente retomando sua postura. - Apesar de não ser tão exatamente o chakra em si... Ele se abaixa passando o dedo nos fios da garotinha caída. Ela havia completado a sua missão, protegê-la até que ele pudesse voltar e encontrar um lugar para ela, apesar de ela não ter certeza sobre ser o orfanato citado, mas, também haviam diversas dúvidas. O homem pegava a garota e partia como chegou, em névoa e silêncio.

O caçador ali cuspia no chão parecendo bravo, cruzando o ambiente para pegar suas flechas de volta como se estivesse "acostumado" e até ignorando por completo a shinobi.


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　　　Pouco a pouco, a kunoichi da Névoa voltava a si. A dor que pulsava em sua cabeça e toda a euforia repentina iam sumindo, misteriosamente sumindo. Seria efeito do kai? Haru não sabia dizer. Aliás, ela não era capaz de entender muitas coisas que ocorreram ali, o que a deixava ainda mais atordoada.

　　　Aquele homem misterioso, que outrora veio na forma de corvo, apareceu de súbito. Como um rastro esfumaçado, ele ressurgiu, proferindo breves comentários e recolhendo a garota ainda desacordada. E, depois, sumiu novamente, sem mais explicações.

　　　Haru, em um ato natural, dedilhou os fios negros de seu cabelo. Ela sentiu as escamas gélidas da serpente albina tocarem em sua bochecha: um afago genuíno e arrepiante de Shiro. Os olhos violeta assentiram aquele carinho com um ar de doçura e, em conformidade, os lábios voltaram a expressar um curto sorriso.

　　　A garota virou o rosto para o cenário, atentou-se às lustrosas matas do bosque que a cercava: era o orvalho, fruto da frígida neblina que persistia no território da Água. O uivo do vento. O dobrar das folhas. A fragrância rústica de grama molhada. As finas gotículas da umidade caindo.

　　　— Acho que irei preparar um chá — disse Haru, já dando alguns passos para deixar o local. — Vamos colher algumas ervas, Shiro, e depois voltamos para o laboratório.

　　　Haru seguiu bosque adentro. Quem sabe ela consiga alguns ingredientes para o chá.

Considerações: