Conforme o discurso de Pandora avançava, Kaginimaru mais boquiaberto ficava. Sabia bem que a parceira tinha muitas coisas escondidas em seu interior, mas não fazia ideia que seu modo de pensar fosse daquela forma. Não entendia o motivo de tamanha explosão, ainda mais agora que o jovem estava no poder e pretendia transformar a vila de Iwagakure em uma nação unida e próspera, mas o passo que estava sendo efetuado agora caminhava pelo lado contrário de seus objetivos. Mesmo sendo portador do título de sombra do vilarejo, não sabia o que fazer. Não sabia como agir ou muito menos reagir nesta situação; olhava para um lado, para o outro e visualizava que todos tinham a mesma reação que o Hachidaime, mas a grande maioria o olhava de volta, como se aguardassem por uma reação.

Se sentia mal por tudo o que estava acontecendo e uma coisa era certa: não permitiria que sua vila vivesse em uma desunião como as fagulhas que ainda restavam do comando anterior. Ao término de tudo aquilo, iria para o mesmo ponto alto que a jovem estava e estenderia sua mão, a convidando para saírem dali. Mesmo que ela se recusasse, a agarraria e sairia pulando pelos telhados até chegar no local privado mais próximo, ignorando totalmente as ranhuras de lava que tinha por todo seu corpo. Não se retrataria neste instante com o público que havia presenciado esta cena ameaçadora, mas pretendia realizar futuramente. Primeiro tinha de conversar com sua parceira e compreender qual a necessidade daquilo, ameaças na qual era totalmente contra e a Heinstein sabia disso.

A encararia diretamente nos olhos, mais uma vez. — O que aconteceu? — a questionava de maneira curta, mas não conseguia pensar em nenhuma outra maneira que não fosse a ouvindo o máximo possível. Caso se atentasse ao semblante de Kagi, Pandora poderia vê-lo triste, confuso e ao mesmo tempo agitado, estava tão assustado quanto toda a população, embora não tivesse medo. Seu susto se dava a preocupação de jamais ter visto ela agindo desta maneira violenta e ameaçadora em suas falas, pior, estava tentando se provar com as próprias palavras, algo que passava muito longe de seu feitio.

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Até aparentava ser um encontro romântico, dado o local afastado e o horário que trazia consigo um céu admirável, mas tudo fluía de maneira bem diferente do que um casal comum normalmente teria. Se não fosse pelos clássicos dizeres de que Kaginimaru nunca a entenderia, confirmaria que de fato aquela não era a Pandora de verdade, mas ouvir isso o fazia sorrir por um momento, tendo a confirmação de que ela era, por mais que parecesse ser um percentual muito mínimo. — Você tá diferente... — Expressava enquanto tentava se controlar perante as provocações físicas que estava passando. — Quem atualmente está te perseguindo? Me diga o nome e resolverei isso agora. — Continuava, repousando sua mão firme diretamente no ombro esquerdo dela, uma tentativa de frear os avanços irresistíveis e focar-se no que verdadeiramente o preocupava.  

Olharia para o horizonte do ambiente, buscando não se entreter com as provocações e manter a seriedade que buscava. Parecia ser algo impossível, mas o fato da sua dupla estar visivelmente precisando de apoio acabava por facilitar. — Eu estou no comando agora, a situação mudou... Não quero que nosso próprio povo tenha medo de nós. Não existe necessidade de se criar toda essa tensão interna de repente, ainda mais sem nem conversar comigo... — Caso a Heinstein se atentasse, notaria com clareza o tom de desapontamento da frase final. Kaginimaru estava verdadeiramente chateado com o decorrer de tudo isso, mas não simplesmente pelo discurso, e sim por conta da amada ter escondido por tanto tempo estas dores, que havia relatado agora, mesmo com o Hanma se demonstrando disposto a ouvir. Estava preocupado com a sanidade dela e insatisfeito por não ter tido a oportunidade de interferir nisto antes.

Permaneceria um breve momento em silêncio, assim como havia ocorrido anteriormente. — Como quer que eu me alegre sabendo que você não está bem? — Neste momento, começava a ter dificuldades para continuar falando e sua voz ficava audivelmente trêmula, deixando óbvio a luta que estava ocorrendo em seu interior. Mesmo que levasse ao pé da letra o paradigma de que homem não chorava, não conseguia se conter estando diante de alguém tão próxima passando por maus bocados.

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O afastamento em seguida dos dizeres de Kaginimaru o fazia entender que não havia feito um bom trabalho com as palavras. A primeira resposta levava-o a compreender que estava sendo incompreendido, seu real objetivo era demonstrar para ela que dali para frente as coisas estariam mudadas e ninguém mais a perseguiria. E se o fizessem, o mais novo Tsuchikage estaria ali para resolver. Porém, era entendido como se duvidasse que a mesma fosse alvo dos preconceitos da humanidade. Não restava tempo para se explicar, sequer sabia como poderia fazer isto, e então a Heinstein continuava falando, agora com muito mais violência referindo-se a quem enxergava como inimigo.

Não conseguia entender quando havia se dado toda esta mudança em seu vocabulário culto e educado, mas os motivos eram claros, a violência exacerbada que praticava em todas as suas tarefas provavelmente havia colaborado para tal; Kaginimaru por um momento recordava-se do dia em que ela friamente matara animais que a dupla facilmente poderia simplesmente espantar para sempre, culpava-se disto tudo, afinal julgava que poderia ter se imposto mais ou insistido para que a jovem levasse o seu "trabalho" de forma diferente e que fosse agradável até para si mesma. Mesmo tendo tentado por muitas vezes, ainda insistia que poderia ter tentado muito mais, agora era tarde.

No momento em que sua amada parecia estar sentindo dores, sua mente distraída no passado voltava no mesmo instante e o semblante de preocupação dominava o jovem. Aproximava-se mesmo com ela dizendo para que se afastasse, mesmo sabendo que ele jamais faria isso. Continuaria até que pudesse tocar em seu rosto efervescente, não se preocupando em machucar-se ou coisa do tipo perante ao descontrole dela, somente queria que soubesse que ele estava ali, independentemente da situação que acometesse a dupla. Buscava por acariciar as bochechas de Pandora de maneira suave, sorrindo e a olhando diretamente em seus olhos, onde enxergava sua dor na profundidade do seu olhar confuso.


O Colosso de Pedra evitava comunicar-se de qualquer outro modo, pois novamente poderia acabar se expressando de maneira errônea e piorando a situação. Dava-se melhor com ações do que com falas e isto era um fato.

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