Singular

O dia já havia começado há algumas horas, o céu estava limpo e o ar quente como de costume em Suna. Shüra, o garoto com aparência andrógena e grandes cabelos prateados, estava na varanda da casa onde vivia, recentemente sentiu a necessidade de passar a ter algumas plantas para cuidar, e ali estava o garoto, regando, podando e fazendo o que devia fazer para que elas pudessem crescer de maneira saudável.

Para sua infelicidade, seu mais novo hobby foi interrompido pela chegada de um shinobi a sua residência, trazia em mãos uma carta lacrada com o selo de Sunagakure. O garoto agradeceu o homem e o deixou partir para onde deveria seguir. Um comunicado oficial. Pegou uma de suas kunais e suavemente abriu a carta rompendo o lacre delicadamente e se pôs a ler o conteúdo ali escrito. Estou sendo convocado. O que será que está acontecendo? Era inevitável não sentir um pouco de preocupação com o que esta situação poderia ser e mesmo não expressando absolutamente nada, seu coração vacilou, temendo que algo ruim pudesse acontecer. Será que isto tem relação com aquele incidente em uma de minhas missões?

Interrompeu quaisquer pensamentos sobre o que lhe aguardava no portão, isto apenas o estava atrasando e causando preocupações desnecessárias. Colocou a carta em um de seus bolsos, aprontou sua bolsa de equipamentos e colocou sua pequena espada na bainha e a prendeu em sua cintura. Ok, vamos ver o que é isso.

A caminhada do portão levou seus trinta minutos costumeiros partindo de sua casa. Chegando na entrada da grande fenda da imensa muralhava que cercava a vila da areia, Shüra não notou nada incomum, salvo a presença de uma pessoa com vestes extremamente fora do comum. Ele me convocou? Em meio a dúvidas e relutâncias geradas por suas incertezas, Shüra acabou cedendo em se aproximar da pessoa em questão. Olá. Me chamo Shüra. Recebi uma carta para vir até aqui e encontrar alguém, esta pessoa é você? Pondo a mão em seus bolsos, retirou seu maço de cigarro e pegou um deles, o levando até os belos lábios e o acendendo em seguida, dando um trago para saciar sua ansiedade.

Singular

O encontro de Shüra com a figura macabra estava inicialmente sendo rondado por um espectro misterioso, as mais diversas dúvidas permeavam dentro da mente do garoto, não sabendo o que deveria esperar dessa reunião entre eles. Esta situação é muito estranha, porque diabos eu deveria vir até para me encontrar com seja lá o que for isso? A pessoa em questão respondeu a indagação anterior do genin, e para a surpresa deste, a voz da figura – já não tão mais sinistra – era extremamente doce e suave, foi aí que se deu conta de que se tratava de uma mulher, sendo isso completamente evidente ao poder vislumbrar seu belo rosto logo quando a mesma retirou o capuz. Definitivamente não é quem eu esperava ver por baixo de toda essa roupa estranha.

O tempo foi passando e a mulher revelou ser chamada de Robin, pouco depois de relevar para o garoto que ele deveria seguir ao norte do deserto para matar um escorpião gigante caso quisesse se graduar para chunin. É um prazer conhece-la Robin-sama. Ele se curvou como reverência, tentando cortejar a bela moça a quem falava. Eu sabia que não seria nada fácil me tornar um chunin, e como pensei, não será. Aceito sim realizar esta tarefa para você. Estou pronto para isto!

Atendendo ao chamado

Robin parecia ser alguém sagaz, aparentemente havia se dado conta dos leves cortejos que Shüra tentava lhe passar durante sua curta fala, fazendo-a talvez divagar enquanto observava os céus acima do interminável mar de areia. O fato é que o foco da bela moça era total na missão que transmitia para o genin, foco este também que era o do garoto.

De maneira calma e compreensiva – como de costume desde o início da conversação – a mulher elucidou os aspectos da então tarefa e como Shüra deveria prosseguir daqui para frente, já que anteriormente havia decido aceitar o teste para sua promoção a Chunin. Não há absolutamente nada de complexo nisto, o problema vai ser o grau de dificuldade na hora de enfrentar o escorpião, terei que agir com cautela, não posso cometer erros. A jovem pôs o capuz, cobrindo quase que totalmente seu lindo rosto novamente. Não irei falhar, senhorita. Nos vemos em dois dias. Foi uma despedida rápida, a moça desapareceu no horizonte e o garoto agora já planejava seus próximos passos. Devo ir o mais rápido possível para o Norte e procurar pelo tal Adamastor... Tenho que ser breve nisso tudo. Então partiu rumo a cidade mencionada por Robin, tinha decidido o que fazer e não planejava parar em meio ao deserto para descansar, faria uma viagem direta sem pausas até seu destino final.

A corrida não seria nada rápido e muito menos fácil, a grande quantidade de areia dificultava muitas viagens para os que não tinham este costume e Shüra sabia muito bem da situação, no entanto, o êxtase de uma possível promoção e a ascensão na hierarquia ninja de Suna fazia com que seu sonho se tornasse cada vez mais próximo, e como do feitio do belo jovem, não iria deixar com quem nada atrapalhasse a sua escalada até o topo e sua busca incansável por poder.

Já havia se passado um tempo considerável desde sua partida da vila da areia, era evidente que logo mais suas pernas não suportariam muito mais no ritmo em que estava. Para a felicidade e alivio de seu corpo, era possível vislumbrar alguns pontos de luz no horizonte, mais alguns poucos minutos e o jovem chegaria até seu ponto de destino. Finalmente! Já via a hora que iria cair duro na areia quente e fofa.

Como um desafogo para sua alma, Shüra cruzou a entrada da cidade, ninguém ali perguntou ou questionou a chegada do genin, afinal estava com a bandana de Suna presa e bem visível em seu braço esquerdo. Ok. A questão agora é onde achar o maldito velho. Para a sorte do jovem, o comércio ainda estava funcionando, as mais diversas lojas e tendas estavam abertas e prontas para receber clientes, o que talvez facilitaria na busca do ferreiro. Com esse feixe de esperança para suas tentativas de procura, o garoto resolveu perguntar aos moradores e lojistas ali presentes sobre onde era a localização da tenda de Adamastor, um ferreiro velho e experiente deveria ser conhecido o suficiente para alguém lhe passar a situação que necessitava. Espero que o encontre logo!

Falou comigo, gracinha?

Como o jovem genin imaginou, não houve nenhum problema ou questionamentos sobre sua visita a então cidade, no entanto as indagações vieram após suas constantes perguntas sobre a localização do velho ferreiro. Houve então um questionamento em especial sobre a procura de Shüra acompanhada do que o garoto deduziu ser um tom sarcástico na tentativa de talvez o ofender, ela fora feita por um homem aparentemente abatido talvez pela rotina cansativa de seu dia.

Deixe-me encostar por um momento, estou exausto. Tomou apoio em um muro próximo de onde estava. Não consegui entender metade das coisas que disse, talvez seja algum tipo de sotaque caipira da região. Apesar de estar ali para sua graduação, o futuro chunin de Suna não aceitaria um tratamento que julgara extremamente rude para ser dado a um turista, ainda mais um shinobi do grande vilarejo da areia. Respondendo a sua pergunta, não vim comprar equipamentos. Estou aqui a mando de uma amiga que eu e o senhor Adamastor temos em comum. Se trata de um assunto muito importante e que devo tratar diretamente com ele. O senhor poderia por favor me indicar onde posso encontra-lo ou me levar até onde ele se esta, por favor? Shüra ainda encostado, decidiu sentar-se no chão ali mesmo, as pernas ainda incomodavam por conta da longa corrida. Sacou seu maço de cigarro – um companheiro fixo de seu dia-a-dia – colocou um deles nos belos lábios e o acendeu. Tragou. Deus, eu precisava disto! E então, onde posso encontrar o velho ferreiro?