A busca por poder nunca cessou em sua vida. A verdade é que provavelmente jamais cessaria, pois mediante avançava, sempre surgiam empecilhos superiores que necessitavam de mais e mais habilidades da sua parte. Não se assemelhava com os outros shinobis, seu objetivo não se resumia em seguir o caminho ninja como mero trabalho, se tratava muito mais do que isto, era sua vida! E por ser algo tão importante, não poderia deixar nunca de evoluir mais do que o resto de toda a humanidade, e se existisse alguém que se atravesse a se sobressair, este com toda certeza se tornaria um oponente em potencial a ser derrotado a favor das evoluções do jovem. Precisava ser grande, necessitava poder ter poder.

Naquele vilarejo onde se encontrava no mais puro desejo de se aproximar da população vizinha de Iwa, seja em seus costumes, conhecimentos e até referente a receber possíveis informações de pessoas desaparecidas que desejava reencontrar, a oportunidade batia em sua porta. Quando somente uma pessoa fala, a única conclusão possível é que não se passa de um rumor, mas quando a notícia é dita por mais de uma pessoa e ambas se assemelham, um fundo de verdade existe nisto. Kaginimaru estava aprendendo a ir em busca de conhecimentos verdadeiros e tinha a conclusão de que algo interessante existia naquelas redondezas; muito se falava de um homem poderoso que vivia recluso em uma caverna. As conversas com alguns idosos receptivos resultava em ter boa ideia de onde o tal se encontrava além de adquirir noção sobre os motivos da vivência primitiva adotada pelo tal.

Para muitos simplesmente não fazia sentido ir até o covil do monstro em busca de ajudá-lo, era como se fosse cometer suicídio. Para outros, talvez momentos de desesperos em busca do mesmo poder que o dito cujo justificasse a ação, mas a verdade era que o garoto não tinha noção exata do que poderia acontecer ao ir até lá, tudo o que sabia se resumia na sua curiosidade em ver com os próprios olhos aquela figura e, com sorte, desafiá-lo para uma luta justa. Não tinha nenhum interesse além de ver do que alguém com tais poderes era capaz.

O clima do País da Terra com toda certeza dificultaria uma busca em meio às montanhas, mas isto não ocorria com os shinobis de elite de Iwagakure. Kaginimaru estava vestido com uma camiseta comum e uma calça larga com alguns cortes em diversas áreas ao longo das pernas, embora aparentasse não serem roupas apropriadas para a temperatura, se sentia mais do que confortável em se manter assim. Não precisou andar por muito tempo nas cordilheiras rochosas da região, a abertura da caverna, embora afastada da civilização, era muito fácil de se reconhecer. Não perdeu tempo e com toda sua velocidade se dirigiu até mais próximo. — Tem alguém aí?! — Gritava na entrada da caverna, buscando se certificar ter encontrado o local correto.

Considerações:

Mesmo que ainda estivesse no lado de fora da caverna, a escuridão parecia tentar consumi-lo de maneira nunca antes vista. O chamado das trevas se mostrava tentador, embora sentisse certo receio perante as criaturas que poderia encontrar naquele interior. "Droga, deve estar cheio de ratos e morcegos..." — Pensava enquanto dava os primeiros passos e de imediato sentia as emoções fortes e incertas dominarem seu corpo; tinha medo, mas também ansiava conhecer todo aquele poder relatado. Mesmo com seus passos pisando em terra firme, era assolado pela imponderabilidade em seu corpo, sentia como se estivesse sem a compressão de apoio dos pés e caminhasse em conjunto com a gravidade. Parecia que cairia a qualquer momento, mas tinha de continuar e aproveitar para desenvolver sua coragem perante o desconhecido. Respirar também se tornava um grande desafio, o ar rarefeito o forçava a aspirar pela boca, pois pelas narinas realizava tanta força que acabava ficando sem fôlego.

A cada passo que realizava, mais intenso ficavam as sensações que a escuridão transpassava. Era como se ela tivesse alma e desejasse espantar qualquer presença de vida do seu interior. A intimidação trazida com toda certeza era superior do que a grande maioria imposta por seus oponentes no passado, como seria possível? Buscava mentalizar que tudo não passava do Escuro e que nenhum mal poderia ser feito. Neste momento, sentia-se como uma criança amedrontada enquanto que concomitantemente se sentia extremamente destemido por estar desbravando um lugar como este.

Suster todos estes problemas anunciava o prelúdio do que estava por vir. Kaginimaru caminhava lentamente e se apoiava com uma das mãos na parede da caverna, mas nem isto o impediu de pisar em falso e cair em um declive subitâneo. Rolava diversas vezes e sentia seu corpo levando socos das rochas firmes, em algumas o impacto estava sendo tão cruel que acabavam se quebrando em pequenos fragmentos. Quando finalmente conseguia parar o percurso forçado, ria em silêncio, mas logo relembrava-se da dificuldade em respirar e cessava tudo para focar-se em continuar trabalhando o folgo. Continuando em meio a escuridão, não precisou andar muito até acabar dando de cara com uma nova parede, suspeitava que uma curva brusca tinha de ser feita, então ia lentamente verificar se existia caminho para o lado contrário no qual estava. Sem sucessos, começava a desaminar. O pensamento de que talvez estivesse na caverna errada tomava conta do seu cerne, ou talvez o misterioso ser poderoso estava agindo fora de sua caverna. Muitos foram os pensamentos até chegar à conclusão de que aquele lugar era inabitável se fosse somente isto. Como era impossível enxergar, tinha de usar seus outros sentidos, e o principal se tornava o tato. Passou alguns minutos tentando procurar uma passagem secreta, sem sucessos, até decidir tentar escalar a parede que havia surgido; ela, dentre as duas outras extremidades, era muito mais retilínea do que as outras, o que por si só se tratava de um fato estranho de se ter em uma caverna. Concentrando o chakra em seus pés, o garoto passou a escalá-la até o topo, onde constatou a gigantesca altura daquele lugar.

O caminho continuava! Ao terminar a escalada, sentia ainda mais dificuldades na respiração, mas não regressaria, sabia que com o tempo poderia acabar se acostumando com tais sensações, como inclusive estava começando a se acostumar antes de realizar a escalada. Prosseguindo o caminho de obscuridade com certeza leveza em seus passos, um barulho vindo do alto chamava sua atenção. Não fazia ideia do que poderia ser, talvez morcegos?! Não, constatava que estava bem diante de um desabamento de pedras quando sentia as primeiras de tamanho consideráveis caírem bem ao seu peitoral. Neste momento, passava a correr para frente como se não houvesse amanhã. Mesmo não sabendo sobre os perigos que estava sofrendo, somente queria garantir não acabar soterrado nas pedras. Enquanto vagava nas sombras, desenvolvia a preocupação de não mais conseguir regredir pelo mesmo caminho quando quisesse sair do local, mesmo sequer sabendo se iria conseguir concluir seus objetivos com vida.

Considerações:

Jutsus Utilizados:

Todos os problemas que enfrentava até ali repentinamente cessavam, mas não lhe restava tempo para comemorar. A substituição dos empecilhos acabava não valendo a pena, o novo odor que o local exalava de longe se tratava do pior que já presenciou em toda sua vida — e olha que até mesmo havia andado por esgotos abandonados e caminhos sombrios durante aventuras anteriores. Antes mesmo que pudesse reclamar, o garoto sentia uma forte pressão em seu pescoço e seu corpo era empurrado com violência, o choque contra a parede o fazia cuspir forçosamente a saliva que repousava em sua cavidade bucal. A visão se revirava e não conseguia pensar, o impacto afetava tanto seus sentidos que por um momento acabou até mesmo deixando de sentir aquele fortíssimo cheiro de exício.

Logo entendia que havia encontrado a lenda que buscava em meio aquela caverna. Parecia ironia aquele ser obscuro desejar uma resposta enquanto impossibilitava que qualquer palavra fosse dita diante do aperto no pescoço de Kaginimaru. Poderia estar sendo desafiado? Pois se sentia em um desafio. Exercia forças para firmar seu pescoço ao ponto de dar espaço para suas cordas vocais trabalharem, tinha dificuldades, mas não pararia com as tentativas até que conseguisse se expressar em resposta. Também seguraria o carpo do atacante com suas mãos para tentar impedir que movimentos bruscos fossem feitos, visando assim impedir a possibilidade de seu pescoço acabar sendo exposto à perigos maiores.  — Eu... tenho que me superar! — Bradava com a voz igualmente rouca ao do atacante. Relatava com honestidade o seu objetivo de estar ali, sendo simples e direto ao ponto de não precisar se estender e desgastar demais durante uma situação tão perigosa como a que se encontrava. Não temia a morte se isto significasse alcançar poderes superiores aos que atualmente tinha, mas por não temer também não significava que aceitaria ser assassinado sem que antes reagisse e lutasse como Homem.

Nem mesmo aquele olhar ameaçador o fazia pensar em se submeter; exercia todas as forças para apertar o pulso do ser errante e tentar se livrar de uma vez por todas da ofensiva que estava sofrendo. Não desejava ser agressivo logo de início, ainda mais com o mesmo demonstrando interesse em conversar, mas se via na obrigação estrutural de defender-se para garantir sua sobrevivência.  

Considerações:

Superar uma lenda, mesmo visualizando o rastro de destruição deixado, elevava o ego do garoto ao ponto de sentir-se capaz de vencê-lo com as próprias mãos sem problemas. Talvez fosse alguém que somente lidava com pessoas indefesas e por isso se tornou tão temido? Não se sabia ao certo, mas visualizar o aterrorizante cenário em conjunto com a sua aparência fora do comum fazia Kaginimaru ter certeza de que estava errado em seus pensamentos, relembrar vagarosamente da pressão exercida contra seu pescoço somente com a mão confirmava que estava lidando com um ser astuto nas artes combatentes. Ainda levantava-se gradativamente enquanto processava todos os ocorridos até então e buscava racionalizar o que faria neste péssimo ambiente. Embora aquele odor pútrido fosse a pior parte de toda a situação, respirava profundamente para recuperar o fôlego dos momentos passados. Simplesmente tossia como se não aceitasse o ar, pois seu corpo rejeitava a morte tanto quanto seus ideais.

O desafio se lançava contra o garoto e todos os seus pensamentos cessavam. Não precisava de mais nada quando surgia a existência de uma instigação como estas! Seus punhos se cerravam, seu olhar passava a ser tão compenetrado quanto o do oponente e as primeiras mudanças ocorriam; embora invisíveis ao olho nu, abria-se o primeiro e o segundo portão interno, ambos localizados em extremos contrários no cérebro, para garantir que ainda mais força fosse utilizada em seus ataques. Não considerando que fosse o bastante, foi além e sua pele começava a ficar avermelhada, denunciando a abertura do terceiro portão. Este conjunto de técnicas literalmente permitia que um ser humano fosse além dos seus próprios limites naturais, indo ao pé da letra perante suas próprias palavras sobre se superar. Não considerando ser o bastante, ainda certificar-se-ia de por em prática seu atual estilo de luta principal que consistia em bater para quebrar ossos, trabalhando a força ao extremo.

Estava pronto. Firmava e flexionava o braço dominante enquanto concomitantemente começava a correr em sua velocidade máxima (20m/s). Ao chegar próximo do oponente, buscaria golpeá-lo diretamente no pescoço, de modo que ele sentisse como se estivesse sendo atropelado por alguém duas vezes maior do que ele — muito embora não fosse a realidade. Independentemente do resultado, não recuaria, e caso o mesmo tentasse desviar, o lutador continuaria o perseguindo até seus próprios limites.

Considerações:

Jutsus Utilizados:

Novamente, se enchia de si próprio diante do pseudosucesso em sua ofensiva, não costumava agir desta maneira perante combates verdadeiros, mas a fama e o mistério de seu oponente genuinamente o fazia agir como se fosse um simples Genin iniciante — e este foi seu maior erro. Não demorou muito para notar que mesmo visivelmente levando vantagem na batalha de ofensivas, o monstro simplesmente parecia adorar! A distração diante de tamanha frieza tornou o ataque com a cauda algo imprevisível, que gerou a abertura perfeita para que o mesmo segurasse seu ombro. Na arte do Taijutsu era de conhecimento básico que, em um combate de curto alcance, ser agarrado em qualquer parte do corpo representava um perigo sem iguais, portanto Kaginimaru quase que desesperadamente tentava recuar e também forçar a soltura através de um novo aperto no pulso do oponente, mas não tinha sucessos como da primeira vez, aquela mão pesada parecia estar fixada em seu ombro e de maneira alguma conseguia retirá-la.

Antes que pudesse pensar em qualquer maneira de continuar tentando se desvencilhar do estranho movimento, o avanço repentino que seus olhos sequer conseguiam enxergar com clareza anunciava o prelúdio da situação mais inesperada que vivenciara até os dias atuais; Uma mordida direta em seu pescoço que a principio o deixava mais confuso do que dolorido, mas logo a situação mudava para dores tão insuportáveis que não conseguia mais ter pensamentos ou qualquer outro tipo de sentido humano. Mesmo pressionando sua mão com todas as forças contra a área ferida, aquilo não amenizava. Caía de joelhos ao chão enquanto gemia e quase nada do discurso dado pelo ser misterioso era absorvido com exatidão. Não havia notado, mas neste momento seu corpo estava repleto de linhas negras espalhadas por todo seu corpo em uma sequência aparentemente aleatória. Havia sentido a dor de todas estas riscas fluindo em seu interior de maneira nunca antes sentida.

O tempo se passava, mas as dores não. Sentia saber muito bem quem poderia ajudá-lo com este problema, então decidido a sair, o Jounin levantava-se com certa dificuldade e golpeava com todas as forças possíveis a área anteriormente danificada que permitia a passagem da luz solar. Partiria então de volta para Iwagakure, mancando, mas na maior velocidade que conseguisse.

Considerações:

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