Estranhamente nesta noite existia uma grande concentração de pessoas em um campo fechado no país da Terra. — Yujiro!! Agora lute comigo! — Uma voz feminina bradava. A intensidade do grito era tamanha que até mesmo os espectadores sentiam medo dela, muito embora geralmente fosse vista como uma figura frágil e inofensiva. — Emi... A Emi está louca! — Alguns comentavam entre si, surpresos com o fato que acompanhava os berros da dama; Ela o socava diretamente em sua bochecha, colocando em prática toda a velocidade que possuía. Não era dona de grandes forças, mas estava apostando alto em sua velocidade e nas técnicas de luta que havia aprendido ao longo dos anos desde que acabou se envolvendo com Yujiro Hanma. O primeiro golpe parecia não ter efeito, tendo em vista que o Ogro sequer havia movido um músculo em resposta, então Emi continuava! Desta vez, levava a mão oposta diretamente de encontro com a região frontal da face de seu marido. Um golpe direto e que no mínimo quebraria o nariz de qualquer outra pessoa, mas por se tratar daquele Homem, tudo o que acontecia era exatamente ao contrário, e quem sofria os danos era a própria mulher, que acabava fraturando seu punho. Ela gemia! Sequer havia percebido, mas durante o início de seu ataque, o tronco de Yujiro havia se movido muito mais rápido do que seu punho, tornando a troca de movimentos, na verdade, uma cabeçada em sua mão.

Mesmo com a extrema dor, Emi não desistia, avançava com a outra mão e novamente tentava atacá-lo diretamente em sua face, mas era impedida com um simples tapa para o lado, que devido a força e velocidade aplicada, agora feria seu outro braço. Em resumo, sequer havia se passado um minuto desde o início da luta e a brava mulher que enfrentava aquele homenzarrão encontrava-se com ambos os pulsos destruídos, não existia mais força ali. Ela tentava, mas não tinha nenhuma chance. Para todos, aquele seria seu fim, estava mais do que claro que ela tentaria fugir, amedrontada com a situação.

Quebrando as expectativas de todos, Emi avançava mais uma vez, porém agora sem poder utilizar-se de suas mãos, desferia um chute frontal diretamente nas partes íntimas do homem. A aceleração do movimento era tamanho que seu salto alto acabava sendo lançado para muito longe, por entre as pernas do oponente. Yujiro em momento algum recuou, como resposta, ao receber o chute, golpeava ambos os tímpanos da mulher com a mão aberta. — Você nem é tão forte assim... — Ela anunciava, agora já sem os seus sentidos auditivos. Se forçava como um homem para não não ceder às dores! Estava destruída em diversos sentidos, mas tentava manter um sorriso irônico em seu rosto, pois sabia que aquilo mexeria com o ego do seu alvo da pior maneira possível.

Sem esperar pelas reações do homem, Emi volteava ambos os braços pelo pescoço dele, como se estivesse o abraçando, mas na verdade desferia uma mordida direta em seu trapézio, próximo do pescoço. Pela primeira vez nesta noite, o pai de Kaginimaru sorria. — Que grande mulher você se tornou... — Anunciava com a sua voz rouca e ao mesmo tempo visivelmente animada. Concomitantemente, a abraçava com tanta força que Emi acabava tendo suas costelas destruídas. A jovem tentava resistir ao máximo, mas sem sucessos, deixava escapar os gritos de dor, e então caía desacordada logo em cima de seu filho, Kaginimaru, que também se encontrava desacordado neste momento.


Sentia certo frio na barriga... depois de anos de treinamento e muita busca, visualizava seu pai, de costas, parado bem diante de seu alcance. Embora possuísse certo receio de agir, por ser um simples novato, o garoto avançava em velocidade máxima e saltava diretamente nas costas do seu coroa, aplicando um mata leão na região do seu pescoço em conjunto com as pernas cruzadas no abdome de seu pai. Com este tipo de imobilização, o Hanma por diversas vezes havia parado oponentes e animais muito maiores e mais fortes que ele próprio, o que fortalecia ainda mais suas crenças de que poderia parar seu pai com aquele movimento. — Vai Kagi! — Um dos homens que estava distraindo Yujiro agora gritava. E então, a criatura mais forte do mundo entendia que aquelas pessoas haviam preparado uma armadilha para que este momento acontecesse, deixando claro que as presas pareciam querer tentar agir como se fossem os caçadores. Com um giro extremamente veloz em seu próprio eixo, ficava impossível de manter a posição. o garotinho de Iwagakure até tentava, inclusive gritava para buscar forças de onde não tinha, mas não adiantou, acabou soltando-se e sendo arremessado para longe.

Kaginimaru logo se recompôs e partiu novamente para o ataque, distribuindo uma sequência de chutes altos na face de seu pai e até mesmo um gancho direto em seu queixo, um golpe que era capaz de derrubar qualquer ser humano, mas não funcionou com o chefe da família Hanma. Mesmo que os efeitos parecessem ser nulos, Kaginimaru continuava o socando. Socos e mais socos, de um lado e de outro; chutes nas costas, na nuca, na coluna e novamente na face, mas nada adiantava. — Obrigado por vir, Kaginimaru. — Seu pai dizia enquanto recebia todos os golpes, permanecendo imóvel. — Me deixa muito orgulhoso saber que aquela criança inocente agora se considera capaz de me encarar... — Continuava, agora passando seus olhos para a mãe de seu filho.  — Hey Emi, tá pensando sobre o que eu sou né?! — Ele ria, assustando quem mais o amava — talvez tratando-se de ser a única pessoa que o amava. — Que pena, garoto, acho que sua mãe concorda comigo que sou invencível. — Finalizava a conversa firmando seu punho. Daqui em diante, o ogro começava a espancar seu filho, diversos golpes que não cessavam nem mesmo com ele desacordado.

Ver uma cena como esta, pela primeira vez doía na alma da mãe de Kaginimaru, que refletia sobre seu passado e em um estado de insanidade, partia para cima do seu marido no intuito de proteger o próprio filho. Daqui em diante a história se repetia, mas a novidade para o jovem de Iwagakure era que sua mãe perdia a própria vida pelo fato dele não ser forte o suficiente — ao menos era o que acreditava ser a verdade.

Considerações: