Suas mãos delicadas e finas aderiam carinhosamente o papel rosado e diminuto, o respectivo item expunha uma organização meticulosa e cabíveis ornamentos formosos; escrito em letra cursiva e harmoniosa em um tom de azul ciano vibrante, adereços igualmente manuais faziam presença rente as bordas do mencionado objeto, estes, conquanto, assumiam presença amarelada, havia um selo avermelhado o que tinha, por propósito, conceder autenticidade a correspondência entregue.

Os olhos carmesins intentavam à leitura, havia alguma dificuldade sobre a atividade uma vez que sua parca idade e a tardia alfabetização influenciavam amplamente o campo da aludida habilidade cerebral. A boca movia-se à medida em que despendia atenção sobre o amontoado considerável de palavras, objetivava, de modo calmo e vagaroso, pela aglutinação das inúmeras letras, formando, nesse sentido, sons vocais que mais tarde traduzir-se-iam em unidades linguísticas dando sentido a junção e outorgando compreensão ao que toca o ainda tão criança platinado.


Sorriu e pulou permeado em alegria e fantasia, estando, nesse sentido, preenchido de animação. Em fato, aquele convite tratava de ser o primeiro para um jantar para além da residência ou do hospital, o petiz jovem por toda sua vivência detivera de dificuldades cabíveis sobre tudo aquilo que transcende o monetário, o que, no que lhe diz respeito, impossibilitou a ocupação sobre espaços particulares na dita sociedade, obviamente, todo e qualquer valor aderido anteriormente era revertido à compra de sementes, investimentos caseiros e por vezes grãos para que ele, tal qual todos os integrantes da família, mantivessem a subsistência.

Pôs-se a vestir a melhor de suas roupas, havia um tom imaginativo sobre o íntimo. Trajava terno, palitó e gravata todos estes munidos de atenção aos detalhes formais que a eles são necessários. Posicionou os fios embranquecidos para trás, estes que, agora, se mostravam embebidos em um gel lustroso e de odor pungente. O diminuto tamanho, as vestes alongadas e excessivamente sociais e o penteado efetivado causavam um estranhamento a primeiro momento, os referidos projetavam uma maturidade que até o presente instante se fazia inexistente, como se o fosse um adulto exacerbadamente encolhido.  

A chegada a localidade se dera como pontual. O restaurante entregava itens amadeirados e tons de verde vibrante, existia, perante o recinto um aconchego impar somado ao toque rústico proposital, plantas, em especial, cactos conferiam adornos e ornamentação ao comércio. Quando em acesso ao restaurante cumprimentara as figuras trabalhadoras e tão rapidamente fora direcionado à mesa em que a médica estabelecia assiduidade.

Os olhos brilharam momentaneamente quando avistaram um bolo embranquecido de glace e encoberto pela presença oportuna de morangos de intenso vermelho, a boca salivara em desejo. O abrasar das diminutas velas azuladas e uma posterior cantoria se efetivaram em eco pelo aposento guarnecido, ainda que o fosse festejado unicamente pela idosa. Um sorriso se transpunha a face alheia enquanto as palmas categóricas eram praticadas. O menino encarava a conhecida um tanto confuso, mas, concretamente, alegre.

Lagrimas escorriam da feição juvenil, a emoção comovia o coração afetando-o drasticamente, um sorriso se fez presente à medida em que a música avançava, as sobrancelhas semicerravam, o liquido se intensificava. Era o primeiro aniversário verdadeiramente comemorado, em suma, seus pais esqueciam da data e por consequência tomava-a como um dia usual, ainda que na penumbra da noite imaginasse o acesso a feitos comemorativos ordinários e comuns.

Correu para um abraço e tão logo fora envolvido aos braços quentes da outra. O aguaceiro que deixava os canais encontrava o vestido de cetim demarcando-o em machas aquosas. – Ora, querido, não tem para que tudo isso, é apenas um bolinho. – Falou a mais velha enquanto carinhosamente afagava os fios embranquecidos que tangiam a cabeça do platinado. Ele gemia em intenso choro. Sua estrutura rente a dela em um abraço extremamente apertado, este que, gradativamente forçava em pressões vigorosas e automáticas.

Levou-se um espaço de tempo elevado para que o menor conseguisse se desatar a amiga e encontrar uma das cadeiras dispostas entremeio a petiz mesa. – D-desculpa. – Articulou em meio a gaguejos e referente as lágrimas que investiram a exterioridade anteriormente. – É que... Eu nunca tive isso. – Argumentou pausadamente, os globos oculares tornavam-se marejados novamente. – Digo, isso tudo. Obrigado! – Falou por fim, em fato, o carinho e o amor nunca foram vocábulos presentes frente a própria família, a sobrevivência e a violência, conquanto, eram uma constante no que tange a aludida.

Aiko pigarreou minimamente, existia empatia direcionada a criança através das expressões geradas. – Não se preocupe mais com isto, querido, tudo mudou. – Comentou abrindo um sorriso. Aru, todavia, não conseguia apagar as lembranças impetuosas e agressivas que perduravam rente a cabeça, havia sido demarcado por crueldade que principiara sobre o âmbito familiar, mas atingira o ápice quando o assassinato e o posterior sequestro e cárcere se dera por efeito.

O menino repousou sua visão sobre ela. – Você está tão arrumado, parece um lorde, me faz me sentir mal pela minha escolha de roupas. – Brincou a conhecida, o Uzumaki sentiu uma pontada de culpa, indubitavelmente, não detinha certeza do código de vestimenta usualmente atrelado aos referidos estabelecimentos. Corou em um tom suave e rosado face o elogio alheio. – Desculpa. – Fora a única coisa que conseguira deixar escapar de seus lábios.

– Bem, acredito que devemos cortar o bolo. – Disse a grisalha retirando uma fatia considerável deste e posicionando sobre um prato de cerâmica. – Para quem vai o primeiro pedaço, aniversariante? – Questionou fitando-o intensamente, havia bondade. – Para mim. – Disse ele abrindo um sorriso largo, estava, na verdade, ansioso e curioso para experimentar a iguaria nunca antes tocada, e era, apesar de tudo, uma criança, seus instintos infantes gritavam mais alto que qualquer outro anseio por educação e/ou retribuição. Ela posicionou a comida frente o menor e o fizera em igual movimento para si. Aru devorou cada grama daquele pedaço açucarado. – Isso é delicioso! – Afirmou. O restante da noite fora compassiva em risadas e felicidade, podia sentir um calor íntimo, ternura.
 

Bolsa de armas [21/25]:

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