Eu havia despertado mais cedo do que o normal. No dia anterior, ao mais tardar dos últimos afazeres, havia-me sido endereçado um pequeno pergaminho no qual gravara-se meu próximo compromisso; no que difere das expectativas, não se tratava de uma missão de elite ou algo do gênero, mas um conveniente convite à um encontro casual. Eu ainda não dominava inteiramente as formalidades do mundo shinobi, mas compreendia os dizeres no que se tratava da formação de um time cujo qual eu viria a liderar. Ali gravavam-se três nomes; dois desconhecidos e um de quem certamente me lembraria. Na parte inferior do papiro, o ponto de encontro.

Com os joelhos prostrados nas tiras de madeira, eu encerrava os preparativos a medida em que o alvorecer anunciava-se pelas frestas na janela; manuseei aquele pedaço de tecido negro e o enrolei caprichosamente em torno da empunhadura da kunai personalizada, a última das três que havia preparado. Eram projéteis tão comuns como qualquer outro, não fosse pelas duas pequenas presas que destacavam-se adjacentes à lâmina principal. Posicionei-a junto as demais no suporte maleável. Saito, Seiji e Tsurugi. Então as envolvi em seu interior, como quem fecha um pergaminho. Acoplei-a na cintura, na parte inferior das costas e prossegui.

Vesti-me do colete característico do cargo e dirigi-me até a cozinha. Tomei o sobretudo negro com os dizeres dourados que comumente utilizava estendido sobre uma das cadeiras e o trajei por sobre os ombros. Saí pela porta e desci as escadas, tão tranquilo como sempre.

Era um casebre humilde, aquele. O segundo andar que sucedia a residência de sua proprietária, uma dócil e generosa senhorinha, localizada no periférico perímetro residencial da vila. Para um sujeito como eu, que viria do mal ao pior e ungido pelas filosofias monasteriais, era o que me bastava.

Aninhei ambas as mãos nos bolsos da calça e pus-me a caminho do ponto de encontro. Tomei o caminho mais longo para certificar-me de que não chegaria tão antecipadamente ao local, caminhando descontraidamente pelas ruelas ainda vazias de Konoha. Foram poucos minutos até dar-me frente ao estabelecimento.

Alguns poucos civis misturavam-se a alguns shinobi naquele que deveria ser o início do expediente daquela cafeteria. Adentrei o local ainda com as mãos nos bolsos e dirigi-me à moça que prontamente me dera as boas-vindas e indicara-me o caminho até o segundo piso. Ao subir as escadas, deparei-me com um acervo de mesas vagas que alinhavam-se em torno de uma única ocupada; aquela onde, obviamente, aqueles três nomes me aguardavam.

Aproximei-me do grupo tão impassível quanto sempre estive. Sentei-me ao lado de Seiji e dediquei alguns segundos àquele momento embaraçoso; variei o olhar entre Saito e o Nara cujo qual eu conhecia e depois travei no figurão de cabelos brancos que aparentemente tirava um cochilo na mesa. Pigarreei na tentativa de acordá-lo e só então prossegui.

─── Eu sou Asakura Ren e, como vocês devem saber, sou o encarregado por liderar essa equipe. ─── Curvei a cabeça como uma forma de cumprimento gentil e exagerada. ─── Vocês já pediram algo?

Questionei com um sorriso discreto, sinalizando para a garçonete responsável pelo piso. Conversaríamos de maneira mais incisiva depois de quebrar o gelo com alguma xícara de chá ou algo do gênero. Esperava que Seiji pudesse me ajudar com isso.