Ao longe, Saito, um Jonin da Folha, avistou a figura feminina de Biskka caminhando em sua direção enquanto cruzava a entrada do restaurante situado no segundo andar do centro da vila. Seus olhos vermelhos fitavam com atenção cada passo da jovem, que parecia procurar por algo ou alguém no local. Rapidamente, Saito se levantou da mesa onde estava sentado com os futuros membros daquela equipe, os quais não puderam deixar de notar a imponência do líder do time. Apesar de Saito ser conhecido pelos aldeões e cumprimentado por muitos, ele não gostava de chamar atenção desnecessária. Ele preferia manter sua reserva e privacidade, o que o tornava um tanto antissocial em algumas situações. Porém, com Biskka, as coisas eram diferentes. Era a primeira vez que se encontravam, e Saito queria deixá-la confortável e acolhida em sua presença.

À medida que a jovem se aproximou, Saito ergueu-se com um gesto elegante, estendendo a mão direita em saudação. Seu sorriso acolhedor e carismático parecia capaz de suavizar até mesmo a mais tensa das expressões — Sente-se, por favor — disse Saito, indicando a cadeira diante da mesa. A jovem hesitou por um instante antes de sentar, mas sua tensão logo se dissipou sob a tranquilidade do Uchiha. Saito notou que a jovem era mais comunicativa que os outros membros do time de Biskka, o que lhe pareceu uma qualidade valiosa. Quando a garota perguntou sobre o cardápio, Saito prontamente lhe ofereceu, com um gesto cavalheiresco — Fique à vontade para escolher o que quiser. Dessa vez, é por minha conta — disse ele, mantendo seu sorriso caloroso. Após a mais nova equipe da Folha escolher seus pratos, Saito ergueu a mão e fez um som com os lábios para chamar a atenção de uma das atendentes. Enquanto aguardavam seus pedidos, Saito observou com atenção os arredores do restaurante. Havia vários ninjas espalhados pelo ambiente, sentados em mesas próximas ou circulando pelo salão. Saito cogitou cumprimentá-los, mas decidiu concentrar-se no time a ser formado, pois merecia sua total atenção.

O aroma dos pratos recém-preparados encheu o ar, provocando o ronco faminto dos estômagos dos garotos. Os pratos foram servidos com a delicadeza e rapidez característica da equipe do restaurante, e Saito admirou a habilidade dos cozinheiros. Cada prato era uma obra-prima, que ele degustou com deleite, apreciando a complexidade dos sabores e texturas. Saito então olhou para cada um dos membros do time de Biskka, avaliando-os com atenção. Seus olhos percorreram seus rostos, corpos e trajes, buscando sinais de suas personalidades e habilidades. Então, ele falou com uma voz firme e gentil:

— Que tal se me vocês falarem um pouco sobre cada um aqui? Quero o nome e os objetivos que vocês almejam. Vamos nos conhecer.

Saito escutou atentamente as palavras proferidas por Biskka, mas em seu íntimo, ele sentiu que a garota talvez não estivesse levando aquilo tudo tão a sério quanto deveria. Em suas palavras, ele detectou um certo ar de devaneio, como se ela estivesse divagando em um mundo próprio e não dando a devida atenção ao treinamento para desenvolver a poderosa herança genética que poucos membros do clã possuíam. Os outros dois alunos, em comparação com a singularidade e peculiaridade da jovem, passaram quase despercebidos aos olhos do experiente sensei, mas não aos seus ouvidos atentos. O velho mestre sabia que havia muito trabalho a ser feito no que dizia respeito às personalidades dos seus jovens aprendizes. Saito ponderou em silêncio enquanto a conversa seguia, pensando em como poderia moldar aqueles jovens em futuros guerreiros honrados e valorosos. Ele sabia que a estrada seria longa e árdua, mas estava determinado a guiá-los com firmeza pelos caminhos tortuosos do mundo shinobi.

O ambiente tranquilo do restaurante contrastava com a agitação interna que Saito sentia em relação aos seus jovens alunos. Ele sabia que teria que trabalhar duro para aprimorar as habilidades de cada um, mas também precisava lidar com as peculiaridades e idiossincrasias de suas personalidades. Com um suspiro silencioso, Saito retomou sua postura séria e resoluta. Ele sabia que precisava ser firme e direto com seus alunos, pois somente assim poderia moldá-los em guerreiros fortes o suficiente para enfrentar os desafios que o futuro lhes reservava. Saito ainda observava Biskka com olhos perscrutadores, avaliando sua voracidade ao se aproximar dos pratos que pediu. Enquanto os outros membros do time eram relativamente tranquilos, a garota se destacava pela forma como atacava a comida, como se não houvesse amanhã. Ele sabia que aquele apetite voraz poderia ser um problema em missões que demandassem cautela e furtividade, mas não podia negar a atração que ela exercia sobre ele.

Biskka possuía um charme indiscutível, capaz de despertar desejos que ele preferia manter sob controle. Saito não era um jovem fácil de ser seduzido. Sua experiência como ninja o tornava desconfiado por natureza, especialmente em relação às investidas de garotas atraentes. Ele sabia que não podia deixar que aqueles sentimentos o distraíssem de seu trabalho como sensei. Ainda assim, Saito não deixou de admirar a beleza daquela jovem. Ele a observava atentamente, notando cada detalhe de seu rosto, cada curva de seu corpo. Ele se perguntava se ela seria capaz de satisfazer seus desejos mais profundos, se aquele impulso tão forte que ela demonstrava também estaria presente em outras áreas de sua vida. Por um momento, Saito permitiu-se sonhar com uma noite de paixão com Biskka, deixando sua imaginação correr solta. Mas logo ele sacudiu a cabeça, afastando aqueles pensamentos impróprios. Ele sabia que tinha que manter a cabeça no lugar, focado em seu trabalho como sensei.

Com um suspiro, Saito se voltou para Biskka, respondendo com uma resposta parcial às suas investidas. Ele não queria ser mal-educado, mas também não queria que aquela garota pensasse que poderia manipulá-lo facilmente. Ele escolheu suas palavras com cuidado, mantendo uma postura reservada e um tanto distante. Ele sabia que não podia deixar que sua atração por ela o afetasse de forma negativa — Bom, acho justo responder. Como bem pontuado, faço parte do clã Uchiha e como boa parte dos membros, minhas habilidades pendem para a criação de ilusões que variam de falsos sentimentos e até falsas sensações — Os olhos avermelhados se fixavam nos da menina.