Mais trabalho, mesmo que ainda relutante ia aos poucos me acostumando com a rotina de ninja. Parece que não havia muito espaço para descanso, e, ainda que aos poucos ia me sentindo um pouco mais "poderosa" também. Isso por um lado era um tipo de sentimento estranhamente agradável, mas, por outro lado já ia antecipando que eventualmente me desvencilharia do que fiz até então e começariam a me dar trabalhos mais complicados futuramente. Nem hoje e nem amanhã, então, do que é desnecessário eu me desfaço seguindo para o ponto de encontro devidamente equipada e pronta para dar atenção ao que me fosse empregado.

Os homens pareciam menos intensos hoje, o velho até me relembrou do primeiro dia que em que o vimos pela forma arredia com que este comportou-se. Dou de ombros quando ele simplesmente só se vai, mas, ao observar o mais arrogante algo me incomodava, fazendo-me aproxima de forma misteriosa. - Opa, espera, deixa eu te fazer uma coisa aqui. Ia me aproximando olhando-lhe de baixo, selando e ativando minha habilidade ocular novamente de forma silenciosa. Ele certamente já tinha visto, mas não de tão perto os meus olhos vermelhos como sangue fitando um pouco acima da sua linha de visão. Alto como era precisava esticar-me um pouco, criando um furo pela palma de minha mão de onde sangue partia unindo-se ao sangue que estava em sua bandana para tomar posse e assim retê-lo de volta à mim deixando limpo o seu item ninja.

- Prontinho. Digo balançando a cabeça positivamente, abaixando meus pés esticados até a ponta e seguindo no meu caminho sem nem explicar o que teria feito, ou, pensado que talvez ele não queria o que eu fiz. Não me importava na verdade, me movi apenas como uma tecelã incomodando-se com algo que possivelmente até foi feito por meus pais sendo usado sujo daquele jeito. "Que ultraje!" Tanto trabalho que minha mãe faz ao costurar essas bandanas. "hunf!" Pensava sozinha aleatoriamente já olhando por aí sem muita direção no caminho que me restou. Achar uma criança perdida? Como exatamente eu deveria fazer isso?

Ia procurando bem como nos quadrinhos mais caricatos, em baixo das coisas, nos becos, mas não durava muito até que me enchesse o saco. No fim resolvi ir para um lugar mais esperado, um parque que tinha por ali, e, para minha surpresa eis que eu realmente encontrei. Saco... Pensei ao perceber que o trabalho ia sobrar todo para mim, mas, uma nova figura acabou me interrompendo antes mesmo de eu me aproximar, um adulto de meia idade, na verdade sua aparência era bem similar a da jovem de forma que eu podia chutar facilmente que eram parentes. Ele à tomava pela mão e iam caminhando na direção do sul, de modo que, aliviada apenas os segui. Se era ali no ponto de encontro para onde iriam era só esperar que o resto faria o trabalho sujo por mim.

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Cheguei ao sul, mas e agora? Espero? Bom, parecia uma boa escolha até que os minutos começaram a passar-se e nenhum dos dois deram as caras. Eu teria mesmo que fazer o trabalho sujo? Bem, quando penso nas hipóteses talvez eles tenham se perdido também, ou, quem sabe a minha má vontade e igualmente sorte me fizeram gastar pouco tempo. Não procurei com tanto esmero como talvez os dois tiveram e acabei encontrando a pirralha, além disso fiz isso em um tempo breve de mais. Ergo meu rosto, seguro um grito de ódio e salto de um telhado em que me esgueirava para perto do homem e daquela pequena odiável criatura que não parecia assim tão perdida.

- Hey cara, quem é tu mesmo? Ele olhava com espanto para mim em primeiro momento, sem entender muito talvez pela minha forma pequena e meus traços que não remetiam à uma ninja de cara. - Uma ninja? Eu reviro os olhos querendo terminar logo aquilo. - Acredita? Pois é, agora responda a minha pergunta. Meus ombros caem ao perceber que o homem mal terminava de me ouvir e tentava iniciar uma corrida puxando a garota pelo pulso. Sacando uma agulha a jogo direto no calcanhar do homem arqueando minha sobrancelha meio confusa e incerta sobre se devia ou não ter feito aquilo, digo, a missão dizia sobre uma menina perdida e essa aqui não parecia tão "perdida" assim.

Não demorava muito até entender, a pirralha começava a chorar e espernear falando coisas como "pai, cadê a mamãe", ou, "o que tá acontecendo, disse que íamos ver a mamãe logo". - Ah qual é!? Me aproximo arrancando a agulha do tornozelo do homem caído enquanto ele dá um grunhido, fincando outras duas vezes e tirando quase como se brincasse com aquilo. - Me faz um favor e vá embora, não fui paga pra prender ninguém. O homem com um semblante irritado se ia e eu ficava ali com a garota choramingando. Vez ou outra pensava em sair andando mas a imagem da agulha ensanguentada virando-se pro seu lado servia como uma boa mensagem para que ela ficasse quietinha.

Os outros dois finalmente chegam e parecem ambos alegrinhos e aliviados, ou era como eu os imaginava na raiva. Eles saíam andando e eu já esboçava minha frustração pisando duro ao passar pelo mais novo arrogante. - Ah vão se f... Enfim, leva essa aí. E eu achando que seria a minha oportunidade de só vê-los em ação e tals e aproveitar o meu dinheiro ao fim sem nenhum trabalho, eles que estão fazendo o contrário que comigo.

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