The Beggar Jounin


Seis anos antes em Kirigakure...

Era mais um dia qualquer em Kirigakure. Para ser mais exato, o verão do País da Água que mesmo sob um calor a mais, ainda sim não era lá tãããão quente, mas para mendigos rabugentos que não tinham onde cair morto, era realmente gostoso ter dias menos frios.

Fazia mais ou menos 10 horas da manhã e o sol estava bem alto. Eu estava totalmente de ressaca. Dormia em um banco de uma praça, babando bastante e fedendo pra caralho. Meus costumes higiênicos não eram dos melhores nessa época, então eu fedia a catinga de sake, urina e suor. Delicia, não?

Uma ou outra pessoa que caminhava por ali, passava por perto, e sem que eu pudesse ver, faziam caras e bocas ao notar minha presença, e principalmente meu odor. Mas eu não ligava.

Em algum momento eu comecei a ouvir crianças andando por ali. Não era incomum vê-los por na praça, já que era local onde alguns pestes se juntavam pra brincar e me incomodar. Sério, eu já podia ouvir as vozes deles de longe.

O sol batia forte em meu rosto, e a sede veio com força. O sono estava indo embora, e resolvi abrir os meus olhos cansados da noite de muita bebida. Olhei para os lados meio perdido, e comentei sozinho.

— Hein? Onde estou?

Sem saber exatamente onde, me levantei e fiz o que todo homem sempre faz quando acorda, cocei o saco e soltei um peidão.

— Oh nossa, isso foi bom. Acho que quero cagar. — Disse olhando pros cantos a procura de alguma moita.

Será que encontraria algo por ali? Não gostava de ser perturbado nessas horas, e mal tinha levantado.

— Acho que está tudo bem, heh.

Encontrado um bom local, olhei pra um lado, olhei para outro. Confirmei que não tinha ninguém, e fui me aproximando da moita. Catei umas folhas mais grandes de uma árvore que estavam caídas no chão, e adentrei furtivamente em uma moita. Me abaixei lá, ergui o queixo olhando pra cima, e fiz cara de abestado enquanto aliviava a tensão.

— Ohhhh!! Barro no jutsu!! Kakaka.

Ao menos esse prazer eu posso ter.

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— Ohhh! Que coisa mais gostosinha. Fufufu. — Ria de alegre enquanto defecava.

Sério, não tem nada melhor de que cagar a céu aberto em um pleno dia sem chuva. Se existisse um deus, ele era muito esperto por nos fazer assim, pois dar aquele barrão pra expulsar todo mal de si, é um dos maiores — se não o maior — prazer que a vida pode oferecer. Imagina, você se delicia com sabe lá o que, enche o buxin, fica cheio e depois da um cagão pra por tudo aquilo pra fora e repetir a dose mais tarde. É perfeito, kaka.

Entretanto, há situações que podem transformar algo bom em algo terrível e constrangedor.

As vozes finas de crianças começavam a surgir. Uma em especial era de algum menino bem jovem demais para estar ali sozinho na praça. O maldito começava a falar algo. Eu me virava como podia e olhava pra trás.

— Hã??? Brincando? QUEM TA BRINCANDO AQUI, CACETE!! — Gritava irritado.

Ia terminando de expulsar todo resíduo de fezes pra fora, enquanto aquilo começava a ficar pior do que já estava. Outro infeliz se aproximava falando muito sobre o fedor que sentia. O mesmo começava a falar um pouco mais afastado com o primeiro pirralho.

"Só pode ser brincadeira..."

No entanto, esse ao menos não se aproximava e por hora parecia ficar tudo bem. Eu disse, "bem"? Ingenuidade da minha parte. A melhor parte do drama tava por acontecer.

Uma menina, uma pentelhinha ia se juntando com os pestinha ao meu redor. Eu imaginava que por ela ser uma pequena donzela, ela não seria atraída pelo odor tão horrendo que exalava pelo ar. Grande erro. Quando me dei conta, lá estava a intrometida. Olhei pro outro lado e tive a mesma reação que ela.

— Eh? — Fiquei pasmo.

Aquilo já estava indo longe demais. Eu precisava dar um basta naquilo. Cerrei os dentes e olhos com a fúria acumulada, e me levantava bruscamente sem nem limpar o rabo, berrando .

— JÁ CHEGA! — Olhava pros pivetes. — Um homem não pode ficar em paz consigo mesmo? Hã?

Olhava ao redor em busca de algo, achava uma vareta e a pegava. Voltava meus olhos nos três e rugia.

— NIIIINPOU! — Dizia liberando meu sakki desprenteciosamente. — VARADA NAS NÁDEGAS NO JUTSUUU!

Com essas palavras eu disparava desferindo várias vezes com a pequena vara, mirando em suas bundas e perseguindo eles aonde quer que fossem.

— AAAAAAH!

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Minha explosão de raiva em meio aquela situação era completamente cabível. Qualquer adulto concordaria que não se deve mexer com um homem em seu momento sagrado, nem mesmo crianças.

O espanto dos pirralhos não me era surpresa. Crianças tem medo de mendigo, ainda mais dos mau cheirosos e principalmente daqueles que pegam uma varra e ameaçam lhes bater. A questão é quê... Eu não ameacei, eu parti loucamente pra cima deles enquanto o primeiro começava a berrar, sendo ele o primeiro a levar uma "lambida" da vara, pois era o mais próximo, lhe acertando na região dos ombros e peito.

A menina estava logo após o rapaz. Ela ia receber uma boa vara na cara, e com a força desproporcional que eu tava pelo nervosismo, ficaria uma cicatriz. Contudo, o outro rapaz afastado ajudou ela e somente consegui acertar vossas costas e bundas.

O trio começou a correr. Um deles parecia liderar a fuga. Seu movimento corporal indicava onde ele iria virar.

— Heh, inocente...

Ria ao pensar que um pobre garoto achava que podia enganar logo um mendigo que de fato vive e mora em cada rua e viela daquela vila. Não era apenas alguém que entendia de endereços, e sim um perito. Não o bastante, eu era de mente e alma um morador de rua, mas no fundo ainda vivia aquele shinobi adormecido que mostrava em raras oportunidades do que era capaz, mesmo sendo exibições pequenas como as que estariam a ser feitas.

Quando eles viraram na primeira esquina, apliquei o mais alto nível básico da arte ninja, a distração. Eles perderam contato visual ao dobrar para aquela passagem, então saltei na parede e subi para cima dos telhados sem eles verem.

Avançava observando os coitados de cima e sem emitir qualquer ruído para não chamar atenção. Fora que eram crianças sem qualquer treinamento, estava longe da ideia deles monitorarem todos os lados.

Encontrei por acaso um varal estendido, e de lá catei uma toalha. Eu tinha um plano. Deixei que fossem até onde queriam, e ultrapassei eles. Os pequeninos começariam a conversar tranquilamente em um local, quando eu saltei sem eles verem usando a técnica Kakuremino no Jutsu que faz uso de um pano para ficar invisível.

Ali eu permaneci a certa distância para não me notarem — inclusive o cheiro — e fiquei ouvindo o papo furado deles. Depois que me cansei, finalmente me revelava.

— Ain... "Podem agradecer por salvar suas vidas". HÁ! Que conversinha chata a sua. — Vociferava alto pelas costas deles, surpreendendo. — Convencidos são os primeiros a virarem história.

Foi quando o moleque retrucou. Fechei a cara e deixei a toalha cair no chão assim que comecei a me aproximar dele, olhando bem em seus olhos. Minha sombra começava a engolir o pobre rapaz devido minha altura. O kimono meio aberto pela ventania, revelava o porte físico incomum para um mendigo. Me abaixei um pouco, ficando cara a cara e falei amargamente.

— Todos que eram do meu tamanho que eu briguei, estão mortos!

Eram palavras duras, mas sinceras. Muitos amigos perderam a vida em missões, e se eu estava vivo, era porque meus inimigos pereceram.

Enfim, eu voltava a postura ereta e demonstrava mais amistosidade. O pedaço de pau era largado no chão. Virei em direção a rua e fui caminhando. Quando estava para virar e sair dali, parei por um instante e voltei meus olhos pro trio. Me lembrava os times shinobis que participei.

"Nostalgia..."

Fiquei em silêncio encarando eles, até que finalmente falei.

— Querem ir no ramen?

Não esperaria mais que 5 ou 10 segundos, tampouco achava que fossem, realmente. Acompanhado ou sozinho, me dirigiria até o fatídico local, afinal não tinha comida nada após acordar.

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