Alivio. Kaginimaru estava de certa forma aliviado de não ter que eliminar o invasor. Claro, colocava a vida de seus companheiros e a integridade do vilarejo em primeiro lugar, mas a ideia de ter que matar alguém... não apreciaria. Ainda não havia superado o seu primeiro assassinato, o qual havia feito contra uma mulher. O fato de envolver uma mulher piorava muito a situação, mas as insinuações dela de que havia matado a Pandora foram imperdoáveis.

Não teria outro lugar para ir senão fosse seguir a Heinstein. A acompanharia um pouco de longe e se aproximaria aos poucos, caminhando mais rápido que a mesma. Surpreendia-se ao observá-la melhor e ver os rasgos em sua roupa, mas sequer restou tempo para os detalhes, a preocupação perante o que havia acontecido logo veio à tona. Mas antes que pudesse questioná-la, ela tomava as atitudes de falas iniciais. — Tive que pegar pesado, e aí ele derreteu num fogo azul quando não conseguia mais se levantar, foi bizarro... — Respondia quanto ao questionamento sobre o invasor. E eu vi que o novato controlava uns mosquitos, o cara é louco, tacava os bichos como se fossem um ataque elemental, tipo os seu fogo... — Continuava, falando dessa vez sobre o Aburame que o acompanhou. Antes mesmo que ela pudesse continuar sobre aquele assunto, Kaginimaru ia diretamente ao que lhe interessava; Você se feriu? — Disse se aproximando ainda mais dela, preocupado.

Embora estivessem lado a lado, o garoto ainda sentia uma enorme distância entre eles. Não sabia quais eram os pensamentos dela e muito menos se ainda tentaria matá-lo, na verdade, duvidava que em algum momento ela almejasse realmente matá-lo. Mas independentemente das decisões dela, também se sentia próximo demais. Não por estar literalmente ao lado dela, algo muito mais complexo do que isso, sentia que talvez o destino trabalhasse em prol de ambos para que a plenitude mútua fosse alcançada. — Esse é o caminho da sua casa, né? Ainda lembro dele... — Dizia sem pensar muito, e era neste momento em que refletia na possibilidade de estar sendo inconveniente, talvez ela quisesse apenas descansar, mas estava sendo seguida sem sequer realizar um convite. No fundo sabia que estava errado, conhecendo a mesma, se fosse o caso, ela não hesitaria em falar.

Considerações:

O garoto ria da resposta dada quanto ao combate que a morena tivera anteriormente, mas mal restou-lhe tempo para respondê-la, o movimento repentino da mão de Pandora desestabilizaria qualquer um que estivesse olhando para ela, não seria diferente com o Kaginimaru. Chegava até mesmo a sentir formigamentos pelo seu corpo, e devido ao acelerar de seus passos, a tentativa de também acelerar para acompanhá-la fez com que o Tokujo perdesse levemente o equilíbrio e fosse até o chão com as mãos, onde buscou o mais rápido possível readquirir sua pose anterior. Por mais chamativa que a visão fosse, o que ficava marcado de verdade no intelecto do rapaz era a lágrima escorrendo dos olhos da sua linda companheira. Esta era a primeira vez que a via desta maneira, não conseguindo ocultar algum sentimento reprimido. Tais lágrimas doíam muito mais do que o dia em que havia quebrado a perna, doía muito mais do que qualquer ferimento que já havia experimentado em toda sua vida. Sentia em seu âmago. E não compreendia.

Estranhava extremamente a liberdade que a garota dava-lhe pela primeira vez. Da última vez que havia visitado-a, por pouco não fora expulso, e agora ela reforçava o quão bem vindo este seria? Kaginimaru não conseguia compreender o que estava se passando, por mais que tentasse. — Desse jeito eu vou acabar morando contigo... — Dizia espontaneamente, notando só ao final da frase a situação embaraçosa que, em sua perspectiva, se criou. — Quer dizer... Eu sempre me machuco nos treinos, sempre preciso de tratamento e tal... — Continuava, tentando consertar o assunto.

O assunto rapidamente mudava e as lembranças do passado retornavam para a dupla. — Lembro sim, por que? — Dizia, curioso com o que ela teria a dizer. Lembrava vagarosamente que queria deixar as hienas vivas, mas a maioria acabou morrendo pela Pandora — algo que, por sinal, deixou o Hanma melancólico. A resposta dada por ela trazia de volta um tema cujo qual o lutador sempre tentou tocar, mas nunca com sucesso. Gostaria de mudar a forma com que a mesma pensasse, mas nunca fora bom com as palavras — embora jamais seria isto um motivo para que desistisse. Manter-se-ia em silêncio por um pequeno momento, procurando palavras na luz do luar e no brilho dos olhos dela. Com leveza e cuidado, aproximaria a mão para o rosto da Heinstein, na intenção de enxugar lágrimas que ainda forcejavam suas quedas e então começaria a dizer:Sabe, Panda... Quem somos nós para nos considerarmos dignos de tirar vidas? ...  A diferença entre um crime e a justiça não é muito grande, ambos causam dores e lados são apenas questões de perspectivas... Lembro de algo que ouvi; "Nunca tive prazer na morte dos ímpios, antes tenho prazer em que eles se desviem dos seus caminhos e vivam. Voltem! Voltem-se dos seus maus caminhos! Por que os nossos semelhantes haveriam de morrer?" — Faria uma breve pausa enquanto ainda caminhava ao lado da parceira. — Levo isso como filosofia para minha vida. Nunca é tarde para ninguém mudar... Sei que este mundo pode se tornar muito melhor. — Encerrava, extremamente interessado em saber o que a amiga acharia.

Considerações:

Ficava um pouco triste com o fato de não ter aquela visão novamente, mas era por uma boa causa. Seus instintos masculinos ficaram em segundo plano na tentativa de descobrir o que assolava a amiga, mas mesmo com aquela conversa repentina, nada viera a ser descoberto. Apenas concordava com um sorriso leve e balançando a cabeça, seria um trabalho difícil convencê-la a mudar de opinião, mas o garoto jamais perderia a fé.

Adentrou na casa sem muitas cerimônias, estava um pouco machucado demais para isso e a situação parecia tampouco requerer. A visita de imediato traziam mais lembranças do passado; o mesmo assunto que estavam tratando antes de chegarem viera a ser o principal em questão na visita anterior até a residência Heinstein.

Ficava extremamente estimulado com a revelação de que algo importante seria dito, mesmo que sequer soubesse o que poderia ser. Por um momento pensaria em insistir para que ela dissesse logo, mas ao término de suas palavras, a revelação dos rasgos em suas roupas faziam com que o formigamento tornasse a tomar conta do corpo de Kagi. Seus olhos se esbugalhavam e a saliva em sua boca se intensificava. Estava mais do que surpreso com a atitude de Pandora. — Isso... está mesmo acontecendo? — Se perguntava mentalmente, fitando fixamente a região de seu busto, onde a vestimenta mais estava danificada. — Eu não vejo problema algum — Dizia em relação às roupas, sorrindo e totalmente corado. O êxtase era tamanho que sequer conseguia disfarçar, ou muito menos ouvir as instruções de banho com clareza.

Mesmo após sua retirada, a imagem ainda permanecia em sua mente; era como uma visão angelical destacada por sua aurora adjacente, ainda se perguntava se tudo isso era real. Somente quando ela partiu foi que o garoto notou o quão frenético estavam seus batimentos cardíacos, não sabia exatamente o que estava sentindo, muito menos entendia o porquê, mas se sentia tão bem como nunca.

Subia as escadas, realizando o mesmo caminho que Pandora. Também necessitava de um banho, e pelo pouco que havia compreendido, existia mais um chuveiro no qual poderia utilizar. Seguia o som da água caindo ao chão para encontrar o quarto dela, onde buscaria sua toalha. — Ela disse que tinha uma na gaveta? ... — Se perguntava, abrindo a primeira gaveta. Distraído com o fato da porta estar aberta e olhando os detalhes da residência, Kaginimaru pegou a primeira peça sem olhar atentamente, mas estranhou a textura e o seu pequeno formato diante do toque. Aquilo definitivamente não era sua toalha. Quando olhou e notou que estava com uma peça íntima da Pandora em mãos, de imediato jogou-a em direção à cama, preocupado em ser confundido com um tarado. — Não achei a toalha... — Diria enquanto se aproximava da entrada do banheiro — O chuveiro que vou usar é aqui? — continuava, parando somente na abertura do banheiro, olhando diretamente lá para dentro.

Considerações: