Caminhando pela rua, pude notar como as pessoas estavam animadas para aquele evento que acontecia todo o ano. Na real, eu não me importava, mas tinha comida, então qualquer coisa era motivo para que eu pudesse ir experimentar umas saborosas especiarias. Caminhando com as mãos nos bolsos, mas daquele dia, eu estava com uma vestimenta diferente. Com o salário, eu consegui recentemente comprar umas mudas de roupas novas para mim, pelo menos de maneira casual. Consistia em basicamente um casaco laranja com alguns detalhes em preto, combinando com a camisa padrão que costumava usar, que era toda preta, sem estampas, somente com o meu colar de pedras vermelhas.

A calça preta com a bordas dobradas acompanhavam a fivela metálica com detalhes laranjas e preto de modo invertido, mostrando contraste com as duas peças. No mais, apenas alguns aros de metal no pulso, a bandana vermelha de Suna no braço, e sandálias de cano alto preta, até um pouco abaixo do joelho. Um detalhe ínfimo poderia ser notado: As golas do casaco estavam levantadas, porque assim poderiam esconder o selo amaldiçoado da Terra, ou Chi no Juin, como a cientista maluca havia dito. Só de pensar nisso, me dava uma raiva, que merda era essa, justamente comigo que havia acontecido.

Mas esse poder, eu estava cada vez mais convicto de meu domínio. Ergui o punho, fechando e abrindo enquanto parava perto de uma barraca. Aquela sensação de poder saindo do meu corpo quando acordei no hospital naquela noite, aquilo era como uma massagem relaxante. Mas não deveria me deixar ser tomado por essa sensação. Fechei o punho novamente, me virando para o atendente da barraca. — Me vê um Rámem com Miso de Porco. Pra levar. — Pedi, direcionado o olhar rubro para o homem, que começou a preparar meu pedido. Eu gostava de Rámem.

[...]

Caminhando pela rua, passei por várias pessoas. O clima estava frio como sempre, coisas de se viver em ambientes extremos. Frio a noite, calor de manhã. A sacola no meu pulso balançava enquanto caminhava. De sobra, encontrei uma luminária e um banco próximo da escuridão. Resolvi me sentar ali.

Sentando ali, era possível ver as estrelas. Minha mãe estava dormindo, havia ajudado bastante nas tarefas de casa, então, pelo menos ela podia estar um pouco mais leve do que normalmente estaria. Com isso, retirei do saco o pote de rámem feito na hora, colocado em um copo, sendo cozido de maneira instantânea. Com isso, estiquei a costa, deixando o corpo descansar para trás, erguendo o olhar para o alto, as estrelas, elas ficavam tão perto vistas daquele ângulo. Mirei os olhos por volta do ambiente, as luzes estavam legais. Então, pude voltar para o saco de plástico novamente, onde tirei de lá dois palitinhos.

Abri o recipiente com o rámen dentro e puxei para fora uma grande quantia, o que fez com que saísse um pouco de vapor. Com isso, os lábios trataram de sugar com gosto aquele macarrão, soltando um grande gosto de satisfação. Estava realmente muito gostoso. Mas, obviamente, tudo aquilo foi interrompido. Ergui a sobrancelha com a figura repentina que surgiu ali. Os olhos vermelhos fitaram os da jovem, e rapidamente, pude cerrar os dentes. Ela já tinha chegado errando meu nome, pra variar. — Grr. Não é esse o meu nome. — Fiz um bico, fitando a garota de lado, então, fechei os olhos, virando o rosto para o outro lado.

— Isso é irrelevante de todo modo. — Cruzei os braços sobre o peito. — Você não mudou nada, periquito amarelo com gosto de mostarda podre. — Falei, exibindo um sorriso maquiavélico. Com isso, tratei de colocar mais macarrão na minha boca enquanto isso. — Só quando me dá vontade. Hoje me deu vontade, eu vim. Não costumo nem usar a vestimenta, parece coisa de burguês puto. — Resmunguei de boca cheia, engolindo macarrão em seguida. Em seguida, arregalei os olhos por um instante quando a garota disse aquilo. Que tipo de homem ela pensava que eu era?! Tá achando que eu sou fraco?! Fechei os olhos e olhei para o outro lado, soltando um grunhido. — Cê acha que eu sou um maricas é? Tá tudo bem comigo, oras. Só quero ver os fogos. — Confessei. — Um ano. Muita coisa aconteceu. — Baixei os olhos.

— Você não é nem um pouco delicada também oh caralhes, sabia disso? Parece um homem. Um machudo da porra. — Falei, erguendo uma sobrancelha e fitando a garota de lado, pelo canto do olhar. Aquele chute no meio das minhas pernas, jamais iria esquecer isso. Aquilo foi uma experiência única e negativa, que serviu para me acordar, nunca mais iria deixar ninguém chutar as minhas bolas. Aproximando os palitos com macarrão em duas pontas, tratei de engolir, fazendo o movimento de sucção dos lábios para com o alimento para dentro. Mas tratei de não dizer nada por um momento, baixei os olhos em direção aos pés.

Então Yue tratou de falar sobre o seu passado, tradições, blá blá blá, algo sobre seus pais trazerem ela e tudo mais. Não tinha nada o que dizer do passado. As coisas que aconteceram na minha vida quando eu era criança… Passei os polegares sobre a borda do copo de ramen. A expressão séria que permeava meu rosto, me fitando pelo reflexo do óleo amarronzado, amarelado e cor de canela. Meu passado, algo que ainda me persegue. Meu pai dando golpes em mim, me acertando com seus punhos grossos contra minha costa enquanto protejo minha mãe. Aquela memória era dolorosa.

No fim, ergui as sobrancelhas quando a garota falou algo e deu um soco no meu ombro. Em outros tempos, eu provavelmente teria segurado a mesma pelo kimono, a jogando longe para que caísse em algum lugar. Mas não fiz isso. Estendi o dedo e toquei sua testa, de maneira a concentrar a pressão sobre a ponta do dedo, forte o suficiente para lançá-la para trás brevemente, no intuito de a desequilibrar. Talvez ela caísse. No fim, algo aconteceu. Meus ouvidos foram tomados pelo constante som de explosões, o que me fez erguer o olhar na direção de onde provinha o som.

Explosões iluminavam o céu. Era bonito. Bonito pra caralho. Ergui a mão sobre o copo e levei sua borda em direção aos lábios, bebericando o óleo, o macarrão, a carne de porco junto com os uzumakis juntos. Alface também fazia parte da composição daquele alimento.