Tecelã de sangue

A Névoa Sangrenta

A verdadeira vontade de encerrar a vida do seu inimigo engolido era latente dentro do Chunin desde o ferimento sofrido no primeiro embate entre ambos. Todavia, isto acabou sendo impossível de se realizar, uma vez que o invasor de Sunagakure queimava o seu próprio corpo tal qual um ANBU capturado faria. Suas últimas palavras revelava se tratar de um ataque movido pela vingança do que aconteceu no recente evento trágico do país das ondas. Poderia dizer que entendia a motivação, mas discordava por acreditar que este tipo de situação apenas nutria maior ódio entre ambas as nações. Preferia não levar a diante.

Não deixou de sorrir para a sua pequena amiga ao vê-la viva, melhor ainda, intacta sobre o leito hospitalar. -- Pelo visto arrumaram o seu braço. - Comentou positivamente, feliz pelo seu medo de não conseguir salvá-la não tenha se concretizado como um karma consequente da sua escolha de conseguir abater o inimigo prioritariamente. A menina respondia com toda a animosidade e coragem que ela tinha, mas seu amigo não poderia continuar muito tempo por ali, e a própria Naomi o recordou disto. -- Você tem razão, eu preciso ajudar os sobreviventes. - Deijin ainda deveria estar combatendo, inclusive. Logo deixou a sala médica onde Naomi se encontrava, se dirigindo ao local onde médicos e pacientes que haviam conseguido escapar da morte se reuniam.

Chegando no recinto, percebeu os cachos azulados e que aparentemente se mantinham intactos mesmo após uma dura batalha. -- Coloque ela na maca, farei o que estiver ao meu alcance. - Com a paciente bem posicionada, o médico iniciou o procedimento de análise dos ferimentos, e o que seria necessário para curá-la. Ferimentos ocasionados por uma explosão, mas não uma explosão convencional. Apenas fitou a Haruno nos olhos, evitando perguntar sobre o que se tratava. Estalando os dedos, colocou as palmas das mãos centímetros acima do corpo da ruiva, guiando estas sobre as feridas que haviam em seu corpo.

O chakra esmeralda surgia envolto nas suas mãos, na medida em que o médico dava prioridade à recuperação das feridas abertas da paciente. -- Ótimo trabalho de estancamento. - Realmente não sabia como a colega havia feito, mas de toda forma parecia funcional. Concentrou-se em usar da sua energia espiritual transmutando-a em estímulo natural para que o corpo da ruiva progredisse num processo rápido e indolor da recuperação do seu tecido danificado, de modo que cada corte aos poucos iria sendo coberto por uma camada de pele, seguidamente dos músculos danificados e assim a cicatrização era feita. Restava apenas fazer os curativos com gaze esparadrapo disponível em um dos armários.

Cessou o uso da técnica, permitindo que a chunin descansasse da dura batalha. -- Acredito que ela possa receber alta amanhã mesmo. - Afirmou para a de cachos azulados, restando apenas o processo de observação sobre o seu quadro. Suspirou, tendo gasto praticamente metade da sua reserva de chakra para o tratamento da paciente, reconheceu que ainda estava longe de se tornar um primor na arte que o seu mestre tanto se esforçou para ensiná-lo, e possivelmente ainda demoraria alguns anos para que pudesse usufruir bem do seu caminho. Levava um pequeno tempo para beber um pouco de chá e descansar.

Pouco tempo de descanso lhe fora dado, quando mais um shinobi chegava em busca de tratamento para uma de suas amigas. Se tratava do rapaz que havia lhe concedido algum chakra para que pudesse, também mais cedo, salvar o mendigo. -- Eu prometo que ela terá o meu melhor, estou te devendo uma, afinal. - Sorria modesto, não podendo sentir ou muito menos demonstrar alegria após uma noite tão problemática. A caçadora era colocada sobre uma dos poucos leitos vagos, e logo de cara poderia perceber que o estado dela era mesmo grave.

Voltou a energizar suas palmas, trazendo o chakra esverdeado para a palma das mãos. -- E lá vamos nós denovo. - Comentou sobre tantos procedimentos de cura que já havia feito naquela noite, era o seu quarto. Com cuidado, retirou a máscara da caçadora, tentando ao mínimo mexer seu corpo para não ocasionar mais dor. Tão logo pegava uma pinça com a firmeza do seu braço intacto, enquanto o outro tocava a lateral da tempora da paciente, já enviando chakra para tanto anestesiar a área, como também manter um possível sangramento sob-controle.

Usou a pinça para remover o fragmento de metal do olho, vagarosamente e sem tremer um milímetro. Optou por não dar a informação de que o globo ocular não seria mais eficiente dado o ferimento, ao menos por ora. Continuou a retirar alguns fragmentos de metal que ainda se encontravam cravados na paciente, recebendo a informação de que o metal estava envenenado com uma substância anti-coagulante, e que uma pomada improvisada de milefólio havia sido aplicada. -- Eu não posso fazer muito além de mantê-la viva até a chegada de um médico que possa remover o veneno totalmente, meu mestre já foi informado sobre a situação e está vindo pra cá. - Informou não omitindo a verdade sobre a sua incapacidade de lidar com venenos, de maneira alguma.

Colocou então ambas as palmas para que o sangramento não se prolongasse, tentando e apenas tentando lutar para que o veneno não se espalhasse e mais sangue fosse jorrado pela paciente. -- Eu não sei o nome de vocês dois, ainda, mas essa pessoa só está viva graças à vocês. Especialmente você, menina. Se tiver interesse sobre a vida e o corpo humano, sugiro que comece a treinar Iryo, você tem um talento latente. - Findou suas palavras de agradecimento à ambos, mantendo-se concentrado até que o experiente médico Machida chegasse e assumisse a cura da caçadora.

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