O som de garrafas se movendo ao meu redor me despertou. Os feixes de luz solar atravessavam a persiana de minha janela, insistentes e irritantes, era uma bela representação de que a luz, mesmo que falha em sua missão de iluminar, ainda conseguiram de certa forma, invadir as frestas de minha alma, me atingindo indiferente e alheia aos meus sentimentos de me manter ali, em completa inação. Por vezes apenas quis me virar do lado e continuar a dormir, em meio as garrafas de sake inacabadas e bitucas de cigarros, havia assassinado um homem, diga se de passagem um bom homem, mas não sentia qualquer tipo de remorso sobre isso.

Em tempos áureos, quando minha mente era uma bagunça completa, seria fácil me ver chorando após assassinar uma pessoa realmente inocente, mas os incautos da vida, e seus pedregulhos me mostravam que, não haviam pessoas inocentes, e se haviam, eu já havia assassinado.

“Acho que devemos ir nessa incursão que foi chamada.”

Ainda não estava habituada com aquilo, ter uma segunda voz, irritante em minha cabeça, mas minha irmã agora fazia parte de mim, escrevendo aos poucos meus sentimentos e lembranças para poder conquistar seu lugar de direito em meu cérebro, tudo isso para poder trazer Megumi de volta, e sendo sincera, era um preço extremamente pequeno a se pagar por ter a mulher que me salvou de volta.

“Do que está falando? Nunca tive intenção alguma de voltar para a boca do demônio, você não estava la, mas quem quiser retornar aos pais das ondas ou é um tolo, ou é um tolo" Respondi.

“Porque adquirir conhecimento é importante, além disso, com sorte poderemos conquistar um ou outro corpo especial.” Argumentou.

“Não irei Takane, não insista, você está em minha cabeça, mas quem controla esse corpo sou eu.”

Takane parecia estar pensando em um contra argumento, pois se voltou a fazer silencio dentro de minha cabeça, só então, após alguns segundos ela deu uma breve risada.

“ Vai deixar a Jaina ir sozinha então?”

Bufei de raiva, havia me esquecido completamente que a inconsequente e tapada Jaina no Baka iria querer sozinha nessa missão, e isso com certeza traria sua morte, e eu estava cansada de enterrar entes queridos em caixões vazios.

Cambaleei uma ou duas vezes, digladiando-se com o desejo de ficar apenas deitada, tropecei em algumas garrafas, bati o dedinho no bidê. Xinguei minha completa falta de memória de não encontrar meus cigarros e por fim e não menos importante, fui na geladeira e peguei outra garrafa de álcool.

“Vamos resolver tudo isso e voltar logo, meus cigarros não são infinitos” Murmurei.

“Isso, boa menina.”

Caçou a sacerdotisa, diferente de mim, ela sabia como manipular as pessoas para adquirir o que queria. Depois disso, já com minha bolsa de armas e com uma roupa suja que encontrei em um canto da casa que não fedia muito, me troquei e caminhei para a saida da vila, onde veria algumas figuras conhecidas, outras nem tanto, Pandora ou seja la qual era o nome dela e seu amigo, Jaina em um canto dando algumas lições de moral ou algo do tipo em seus “alunos”, e eu ali na ponta em um canto, com o cigarro na boca e revirando o ultimo gole de alcool garganta a baixo.

—Deveria ter guardado mais um pouco para a viagem—

“Deveria era parar de fazer a gente passar vergonha, essa porcaria ai, pelo amor do mestre, e horrível"

— Vai se foder Takane! Quer chegar por ultimo na carroça e ainda quer sentar na janelinha?— Zombei.

“Se a janela não fedesse a alcool, sangue velho, e não fosse você a cocheira até que iria” Retrucou a sacerdotisa.

Dali ficaria esperando,quieta, tentando se fundir a parede e evitar ter que fazer contato com qualquer outra pessoa, já havia uma em sua cabeça, não precisava de outras.
A minha ira havia se acalmado à medida que a fumaça de meu cigarro entrava em meus pulmões.

“O que você sabe sobre o pais das ondas Takane?”

“Nada, meu mestre nunca quis me mandar para aquelas bandas” Respondeu a sacerdotisa.

“Que inútil." Retruquei.

O monólogo entre as duas almas entrelaçadas no mesmo corpo continuaria por minutos, talvez horas. Takane era um ser difícil de avaliar, raramente falava sobre si, e isso era padrão visto que quase tudo envolvia o mestre e seus próprios planos mesquinhos.
Na realidade, ele era um ponto de interrogação tão grande quanto ela, governava minha vida, a vida de uma outra dezenas de plêiades e mesmo assim, para ele, parecia que pouco importava o resultado final, apenas os dados adquiridos com suas cobaia, o que me deixava ainda mais em dúvidas de qual era seu verdadeiro objetivo.

Status:

Jutsus usados:

Bolsa de armas:

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