"E vi subir da terra outra besta, tinha dois chifres semelhantes aos de um cordeiro; e falava como dragão. E levou-me em espírito a um deserto, e vi um homem assentado sobre uma besta de cor de escarlata, que estava cheia de nomes de blasfêmia, e tinha sete cabeças e dez chifres. E o homem estava vestida de branco e de prata, e adornada com ouro, e pedras preciosas e pérolas; e tinha na sua mão um cálice de ouro cheio das abominações e da imundícia da sua luxúria; E na sua testa estava escrito o nome: Mistério, a grande Sunagakure, a mãe das impurezas e abominações da terra."


A simplicidade daquela sala incomodava severamente o Shinigami Branco, sua grande mesa da madeira mais barata que o dinheiro poderia comprar não era o suficiente para representar seu poder e sua importância. Sua cadeira já surrada por seus antecessores estava carregada de fracassos juntamente de uma aura suja e impotente. De fato, uma sala nada digna para alguém que já tocou as estrelas e viu a gloriosa luz de mil sóis.

Seu âmago implorava pela destruição de todo aquele edifício, um símbolo já ultrapassado e que não representava mais o futuro próspero da Areia. Seus olhos azuis e sem brilho alcançaram seu chapéu, símbolo de seu posto de respeito. Ele se levantou suavemente, se aproximou da janela e observou o que agora era seu, a vila e as pessoas que estavam em suas mãos. Seu cenho franziu ao vislumbrar a pouca impotência do local onde agora seria seu lar.

O Rei ordenou que convocassem os trabalhadores manuais até seu gabinete, iniciando assim uma reforma completa em todo o edifício. Os arquitetos e engenheiros prometeram à Sombra uma construção que simbolizasse sua grandeza e sua divindade. Um prazo apertado fora dado e o Pulcro faria com que eles seguissem ele à risca.

Algumas poucas semanas haviam se passado e o prazo havia se encerrado e a promessa havia sido cumprida. O que anteriormente era um grande domo de areia e argila, agora era um grandioso castelo, ainda do mesmo material. Algumas coisas ao redor tiveram que ser destruídas para dar lugar a esse edifício majestoso e de grandes proporções.

Seu interior era luxuoso, completamente adornado em ouro, prata e pedras preciosas. Em primeira instância, um grande corredor com uma piscina artificial se encontrava ao centro, acima da porta existe uma grande “janela” que lembrava o Sol, permitindo a entrada de luz.

Seguindo em frente, chegará a uma sala a uma sala redonda que há uma grande estátua no centro, ela possui diversos corredores, onde cada um leva para um local diferente. Optando para o corredor que leva as escadas para o gabinete, encontrará uma escada em espiral que parece infinita. O corredor que leva até a grande porta do trono possui diversos adornos preciosos, ao lado esquerdo é possível vislumbrar grandes aberturas no corredor, tendo visão de boa parte da vila. Acima da porta, há um grande falcão em ouro.

A sala do gabinete é tomada por ouro, reluzindo a luz do sol em diversos locais de lá, demonstrando grande riqueza e luxúria. Possui pilares negros e estandartes grandes com o símbolo de Sunagakure, assim como o de Wandereich. O contraste entre o turquesa da Areia e o escarlate do Império Invisível tornava a sala ainda mais bela com toda aquela riqueza. Ao centro e logo acima, existe um domo de vidro, onde quando ao meio dia, o sol fica exatamente no meio do mesmo, reluzindo perfeitamente no símbolo do Império talhado em ouro logo abaixo. A esquerda e direita, existem duas varandas, dando visão das laterais. Ao fim da sala, existe um grande trono, acima de uma pequena escadaria. Atrás da grande cadeira, há uma enorme janela, dando visão total da parte traseira do castelo.

Imagens do Castelo e seu Interior:

Aquele dia havia começado de uma maneira intrigante e repleto de surpresas, tomado por um sentimento de estar em meio ao desconhecido era o sinal que o Shinigami Branco precisava; a atmosfera dentro da Areia havia mudado e Shüra podia sentir e prever o que poderia ser.

Tomado pelo frenesi devido a sua substituição rápida e até mesmo questionável por sua parte, o Pulcro havia retornado para Suna havia algum tempo, aguardando nas sombras o momento exato para que pudesse retomar o que lhe haviam tomado; momento este que aparentemente finalmente parecia ter chegado. Uma espera que pareceu durar décadas. A comoção pelas ruas o alertava que sua sucessora havia retornado.

Shüra buscou se movimentar rapidamente, adentrando nas instalações de seu gabinete - que cada centímetro havia sido pensado e construído seguindo seu desejo - tinha intenção em aguardar a Nara antes mesmo que ela chegasse, entretanto aguardaria a mesma retornar para que ela a recebesse; apesar da sua grande vontade de poder ter retornado e sua ira ter sido despertada por terem elegido Kuromi como sua sucessora, o nascido da lua não buscava transmitir hostilidade, mas não hesitaria caso precisasse.

Tendo certeza de que a jovem Kuromi havia finalmente chegado a sua sala, Shüra bateria algumas vezes em sua porta e a abriria antes mesmo de uma resposta positiva ou negativa para tal. Ele ainda se deslumbrava com a elegância daquela sala, elegância essa que havia perdido sua essência com seu sumiço repentino. É sempre um prazer estar em sua presença, Kuromi. Ele a observou dos pés à cabeça, dando alguns passos à frente até chegar ao centro da sala, logo abaixo de uma pequena redoma de vidro que iluminava aquele local com precisão ao momento em que o Sol ou a Lua estivessem no centro do céu. Ele sorriria assim que seus olhos encontrassem a da mulher. Você me parece bem, creio que já dispensou aquela "inquilina indesejada.”

Ele andou em círculos até se cansar de tal movimento, foi até uma das janelas laterais e seu peito se encheu de alegria ao ver a vila que havia conquistado outrora. Não fique surpresa pelo meu retorno, isso era inevitável. Ele voltou seus olhos à mulher que assumia o chapéu de Sombra atualmente. Ao que parece, os deuses punem os homens que ousam tocar as estrelas e sentar-se ao lado deles. Sua aparência e muito de si mesmo era diferente desde o último encontro que tivera com a jovem. Ele levou uma de suas mãos a altura do seu peito e a olhou, como se certificasse que sua doença já não estava mais presente. Independente de tudo, tenho muita curiosidade em saber o que se sucedeu fora daqui em sua ausência, entretanto creio que isso pode esperar. Vamos ao que interessa. Ele olhou para sua mão direita novamente, mas agora apenas observando delicadamente suas unhas enquanto falava, demonstrando sua grande devoção à sua vaidade. Eu vim para retomar o posto de Hachidaime Kazekage, entretanto não sou um monstro e por isso antes de tomar qualquer decisão eu lhe pergunto: quais são seus planos, Kuromi?

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Apesar de demonstradores de uma intenção pacífica, prontos para chegarem a uma solução calma e sem vítimas, era evidente que cada palavra dita por ambas as partes era carregada de ameaças reais ainda ocultas por baixo do semblante daqueles dois que antagonizam um ao outro. De um lado o usurpador regicida, traidor e ditador; de outro a escolhida pelo conselho, amada pela população e de coração puro.

As palavras de Kuromi tranquilizaram a alma do Shinigami, ela aparentemente o entregaria o posto sem resistir a ideia, evitando assim confrontos desnecessários. O pulcro caminhou tranquilamente, demonstrando um andar gracioso enquanto ia em direção a mulher que agora havia “tomado” o que ele conquistou depois de tanto almejar. Ele aproximou-se da garota de forma que seus corpos se encostassem ligeiramente, tomou sua cintura com um de seus braços e levou uma de suas mãos de forma a acariciar a bochecha rosada da Nara com as costas de seus dedos. Ela poderia sentir a batida fria e tranquila do coração daquele que ousava se chamar de Deus próximo a seu peito. O pulcro buscou mover a cabeça da garota aos poucos até seus olhos se encontrarem com os dele; aqueles orbes marrons entregavam o que Shüra suspeitava. Você perdeu a inocência que outrora eu vi tão puramente nesses mesmos olhos que agora viram o horror de um mundo sem salvação. Ele tentaria aproximar a Kazekage ainda mais de seu corpo, enquanto ainda a fitava curioso. Você vendeu sua alma, garota.

A mão que outrora acariciava aquela pele macia e calorosa, agora tocava o chapéu que jamais deveria ter saído de sua posse.

O Hachidaime Kazekage havia soltado sua sucessora ao momento em que vestia aquilo que simbolizava o poder sobre tudo que a Areia tocava; porém não podia negar o quanto aquela pequena Kunoichi passou a chamar a sua atenção com a perda de sua pureza. Minha cara, é chegado o tempo de Sunagakure se tornar o império que sempre mereceu, mas que nunca conseguiu por excesso de… bondade. Ele foi até a mesa que agora era sua novamente e passou o dedo sobre a mesma. Agradeço sua preocupação, mas tolo é aquele que se ergue contra mim. Ele sorriu sarcasticamente para sua “amiga” que o alertava sobre possíveis motins e rebeliões populares. Mas não se preocupe, não serei um tirano aos que jurarem a Areia defender, mas não posso dizer o mesmo aos meus inimigos, principalmente aqueles que residem fora destas muralhas; eles devem rezar e implorar aos céus para que eu os mantenha fora do meu radar, porque lhe digo, Kuromi, eu não terei piedade com eles até todos se ajoelharem aos nossos pés e reconheceram Sunagakure como poder absoluto neste mundo.

Ele observou cuidadosamente o conteúdo sobre a mesa, mas estava ainda curioso com o semblante de preocupação da Nara que não se resumia apenas ao seu retorno. Eu tenho grandes planos para nós, minha amiga e você está presente neles! Mas antes, me conte - se assim desejar - o que parece lhe incomodar. O que houve onde você estava? O vazio que vive em suas orbes não lhe deixa mentir. O pulcro buscaria ouvir atentamente cada detalhe do relatório daquela que havia perdido aquela sua essência íntegra e ingênua.

Independente da resposta anterior, ainda havia algo que o Deus da Morte gostaria de saber. Por obséquio, clareie minha mente referente a uma dúvida que a muito me assombra. Aburame Treze assumiu como Hokage? Você o viu juntamente de Genryusai? O primeiro que lhe pergunto traz consigo honra e uma aura bondosa, capaz de cativar a tudo e a todos ao seu redor - até mesmo a mim; por sua vez Gen é um homem sem etiqueta alguma e até mesmo selvagem, mas tão puro quanto Treze. A incerteza sobre o que se sucedeu a seus amigos tornava sua mente enevoada, mas uma resposta clara da mulher a sua frente o ajudaria a dissipar tudo aquilo. Sem dúvidas Treze me enviaria alguma mensagem com as notícias de sua conquista, porém já faz tanto tempo… não acredito que alguém fosse capaz de matá-lo, mas caso não tenha ascendido como Hokage certamente teriam conseguido tal feito e isso não será perdoado.

Havia ainda uma última pergunta, uma última coisa que o incomodou ao momento que Kuromi mencionou. Você citou um “deus da morte”, quem é este homem e sua suposta carga?

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A resolução daquele “embate” estava próximo do fim, felizmente Kuromi estava cooperando muito mais do que Shüra poderia imaginar, o que lhe causou certa estranheza quanto a garota, mas teve a certeza de que era alguém fiel a Areia.

As revelações por parte da Kunoichi eram curiosas e extremamente interessantes para o Hachidaime, tudo aquilo estava muito além do que o pulcro julgara ter acontecido durante sua “ausência no mundo real”.

Ele buscou não interromper o relatório da Nara, aguardando cuidadosamente seu fim enquanto escutava cada palavra com extrema cautela e atenção. Compreendo. Realmente seria difícil para você manter sua inocência depois de tudo isso. Ele tomaria assento na poltrona que agora estava sob sua posse novamente. São revelações extremamente instigantes, minha cara. Se fosse qualquer outra pessoa me contando o que disse eu certamente não acreditaria, mas confio em sua palavra. Então esses dois personagens históricos continuam vivos… parece até que essas criaturas fugiram das fábulas.

Com todas essas novas informações, o Shinigami Branco tinha muito a processar, mas algumas coisas já estavam claras em sua mente. Akusei você disse, certo? Isso significa que Treze foi derrotado… Ele se levantou e caminhou até se aproximar da mulher. Konoha seria a única vila que poderíamos confiar, porém com a morte de Treze lamento dizer que isso já não será mais possível. O semblante do Hyuuga estaria neste exato momento obscuro e obstinado, pronto para uma declaração de guerra pela queda de dois membros do Império Invisível. Buscaremos retaliação pela morte de Treze e Shishio Genryuusai!

O Shinigami Branco estava de luto neste exato momento, a resposta e confirmação de suas dúvidas o havia acertado com grande força, atordoando-o por alguns segundos. Agradeço todo seu suporte. Ele voltou à sua mesa e tomou assento na mesma outra vez. Tenho grandes planos para nós, Kuromi, mas por agora você está liberada. Sozinho em seu gabinete com o chapéu agora posto à sua frente, Shüra tinha muito o que processar e decidir, não havia mais tempo para perder.

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Completamente imerso em seus pensamentos insólitos, a Sombra do País do Vento mal saia de dentro dos domínios de seu gabinete. Exibia clara preocupação para com o atual momento do mundo shinobi e buscava extrair alguma forma de fazer a Areia prosperar em relação às outras.

Os tempos dentro de Suna já não eram mais os mesmos de quando Shüra era apenas um Chunin, novos talentos surgiram e consigo uma nova gama de possibilidades para o futuro que o Pulcro esperava para seu povo.

Perante a tantas futuras incertezas, a mente do Shinigami trabalhava como uma grande máquina a todo vapor. Havia muito o que fazer, porém o tempo era seu inimigo. Sentou-se rapidamente e ordenou para que lhe trouxessem seis corvos para servirem como mensageiros; de próprio punho, a Sombra escreveu também seis cartas direcionadas a pessoas distintas que deveriam se encontrar dentro dos limites das muralhas de Sunagakure neste momento. Nara Kuromi, Uzumaki Yue, Senju Gwyndolin, Raoureki Uraku, Yamanaka Naka e Hisoka.

As ordens naquele pequeno pedaço de papel não possuíam mais do que uma porção de palavras, não passando de duas ou três linhas; eles deviam comparecer até o gabinete o mais rápido possível por ordem do Hachidaime Kazekage.

Era hora da Areia se movimentar.

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A rapidez e pontualidade foram destaques de quatro dos seis convocados, despertando certo “orgulho” no Hachidaime em relação aos ninjas sob seu comando.

Não tardaria muito para que o primeiro deles batesse à sua porta e então adentrar dentro dos limites da sala e também do campo de visão do Pulcro; detentor de madeixas de ouro, o Yamanaka não esperaria uma permissão para entrar. Seu corpo buscava se manter calmo em relação ao chamado, mas seus olhos entregavam seu receio em estar na presença da Sombra; este que tinha noção do possível motivo pelo medo exposto através do espírito do garoto.

Uma pergunta que seria feita por todos os outros posteriormente era disparada por Naka, recebendo apenas como resposta um pedido para aguardar a chegada do restante, o que deveria acalmar o mancebo em relação a algum tipo de possível punição.

Em seguida, mais um dos jovens ninjas anunciaria sua chegada com uma leve batida na porta majestosa que dava passagem ao cômodo onde o Shinigami Branco passava boa parte do seu tempo. Senju Gwyndolin. Seu semblante e seu espírito eram tão afiados quanto sua língua, que claramente demonstrava descontentamento com o honroso chamado pela parte do Pulcro.

O mesmo questionamento - utilizando de palavras distintas - fora feito pelo novo chegado, que desta vez recebeu apenas um sorriso amigável como resposta.

A terceira seria um rosto já conhecido por Shüra. A sua substituta durante sua ausência tinha acatado sua convocação e também havia garantido sua presença perante ao desejo daquele que outrora havia selado o corpo da Nidaime dentro da pequena kunoichi. De volta a sua “casca” original detentora de seus cabelos prateados, Shüra apenas observou a entrada de sua “amiga” em sua sala, lhe pedindo gentilmente para que aguardasse alguns poucos minutos, afinal havia ainda alguns outros convidados que deveriam chegar logo menos.

Por fim, alguém que não havia sido convidado anunciou sua chegada. Apesar de uma certa dificuldade, a Sombra buscava encontrar em sua memória dados sobre o ninja que havia invadido a pequena reunião. Aru… Segundo as palavras ditas pelo rapaz, Yue não teria retornado de uma missão e ele seria capaz de suprir as necessidades e obrigações que possivelmente seriam impostas à convidada.

Sentado sobre sua mesa, cruzando uma perna acima da outra em uma pose magnificamente bela somada a sua graciosidade estonteante, o Hachidaime Kazekage se manteve em silêncio por mais alguns minutos até o momento em que havia perdido a vontade de esperar os outros dois. Não mudou sua postura de forma alguma, buscando sempre olhar cada um deles de cima enquanto seus brilhantes olhos azuis e sem vida fitavam cada orbe dos ninjas a sua frente enquanto buscava decifrar os pensamentos deles. — Agradeço a presença de cada um e peço desculpas pelo chamado repentino.

De sua mesa, o Pulcro apanhou alguns arquivos e os levou até seu colo enquanto examinava aquela pequena pilha de quatro fichas referentes a cada um dos ali presente. — Antes de mais nada, eu sugiro que alguns de vocês busquem escolher cuidadosamente as palavras em minha presença, tento manter uma relação amigável com cada shinobi de Sunagakure, mas devo alertar que já matei muita gente por muito menos. — Ele fitou furiosamente Aru e Gwyn, transmitindo seu sentimento de descontentamento com a postura dos dois em sua presença enquanto o vazio dentro de seu olhar inflamado por um fogo repleto de ira incendiava o espírito de cada um deles como uma ameaça mais do que clara de que sua insanidade e seu ego não aceitariam ser ultrajados novamente. — Não me importo em ser um tirano temido ao invés de um líder amado caso seja necessário, mas deixo claro minha preferência em ser a segunda opção.

Ele buscava contar com Hisoka durante essa reunião, entretanto a presença do mesmo era uma incógnita neste momento. — Sinto muito pela minha postura e pelas palavras rudes e frias. — Retratando seu semblante e buscando trazer seu carisma inato novamente à tona, a Sombra sorriu gentilmente para todos enquanto se desculpava pelas palavras grosseiras ditas anteriormente, ocultando completamente sua loucura abaixo da máscara tranquila e bondosa de sua beleza que cativava muito dos que estavam à sua volta durante toda sua vida.

— A lua sangrenta é um mau presságio, o arauto dela fora os acontecimentos no País da Nuvem, presenciados pela nossa querida Nara Kuromi. — Apontaria para a mesma ao fim de sua frase enquanto agradecia com o olhar o ótimo trabalho da Kunoichi para com a Areia. É uma pena a graciosidade do luar ser manchado desta forma, entretanto temo que isto é o menor de nossos problemas no momento. O Hachidaime olhou cuidadosamente cada um e sorriu sarcasticamente. — Até onde estão dispostos a ir em favor de Suna?

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A peculiaridade individual de cada um dos indivíduos ali presentes despertava uma curiosidade na Sombra que buscava entender cada um de seus subordinados tentando decifrar suas almas a partir das emoções humanas que eles expunham com extrema facilidade. O garoto de língua afiada não havia recuado mediante a recomendação cordial oferecida anteriormente pelo Pulcro - que agora sentia-se ofendido pela postura adotada pelo mancebo.

Uma quinta pessoa havia se reunido junto dos convidados; ainda atrasado, sua presença era muito bem vinda por parte do Hachidaime. Sua aparência grosseira e bruta - perfeitamente idêntica ao que os relatórios diziam - logo levou o Shinigami a identificar o mesmo como Raoureki Uraku, um dos convocados anteriormente. — Não se desculpe, garoto, acabamos de começar. — O belo rapaz ofereceu um sorriso carismático ao recém chegado, buscando acalmar seu espírito para com a situação e o possível nervosismo de estar em sua presença.

Ao que a situação indicava, os três mais jovens pareciam ser conhecidos ou até mesmo amigos - apesar das diferenças gritantes entre eles - o que poderia vir a facilitar as coisas que o Kazekage tinha em sua mente instável. De sua mesa ele pegou um pequeno envelope lacrado com cera que detinha o símbolo de Sunagakure marcado em si, o que deixava claro ser uma carta destinada ao exterior em uma missão oficial do País do Vento. — Está é uma carta direcionada ao Rokudaime Mizukage, Arashi Warui. — Shüra finalmente havia descido de sua mesa e então se aproximou de um dos jovens ali presentes. — Ela será entregue a você, Yamanaka Naka, assim que eu coletar pessoalmente mais alguns dados. Você deverá se encaminhar até o País da Água e destrinchá-lo até então encontrar Kirigakure no Sato, onde solicitará para ver a Sombra da Névoa em meu nome e o entregará tal carta que deve se manter intacta até lá. — Sorrindo para o Shinobi, ele guardou a carta consigo novamente. — Ela será enviada até você juntamente das informações necessárias para o seguimento de sua missão em poucos dias.

Ele caminhou calmo e frio até sua mesa onde buscou retirar um pergaminho da primeira gaveta mais a direita, gentilmente desenrolou o papel e analisou o conteúdo ali presente, fechando-o novamente. — Gwyndolin Senju e Raoureki Uraku. — Seus nomes foram pronunciados com certa firmeza, mas sem agressividade. — A vocês eu atribuo uma missão de resgate de um de nossos soldados. Ele será transportado por um comboio do País da Rocha rumo ao País do Rio, eles terão que cruzar parte do País do Vento por uma estrada mais ao leste do deserto, vocês devem interceptar e tirar o alvo de lá vivo, trazendo-o até mim. — Shüra entregou nas mãos de Uraku o pergaminho em questão. — Escolham qual de vocês irá liderar essa odisséia.

Sentando-se agora na cadeira atrás de sua mesa, o rapaz levou ambos os cotovelos até a superfície da mesma e colocou seu rosto apoiado em suas mãos que estavam cruzadas enquanto ele buscava transmitir leveza e carisma com seus sorrisos caracterísitcos. — Os que já receberam suas tarefas estão dispensados. Vocês tem minha gratidão por terem comparecido ao meu chamado, a Areia agradece calorosamente seus serviços. — Agora somente na presença de Kuromi e Aru, Shüra os analisava enquanto fazia algumas decisões em sua mente. A ingenuidade desses cinco é tão comovente quanto asquerosa… é necessário dar a eles um choque de realidade, afinal o mundo não é preto ou branco, mas um tom delicioso de cinza.

Não se fazem mais soldados como antigamente, me questiono se realmente faço parte desta geração precária inábil… Estão repletos de dúvidas, questionamentos e desrespeito para com seus líderes, uma lástima intrínseca em ninjas tão fracos quanto o futuro que os aguarda. Os devaneios costumeiros do Pulcro tomavam conta de sua mente enquanto observava os jovens de espírito forte e de moral inabalável em paralelo a um forte senso de justiça pessoal. Quando foi que shinobis passaram a colocar suas próprias virtudes à frente do sucesso de sua vila?

Novamente o Senju buscava prosseguir com um tipo de rivalidade com as ordens e intenções das tarefas dadas pela Sombra. — É uma pessoa que detém minha amizade há muito tempo e que serve lealmente a Areia… você irá identificar tal soldado quando o ver. — Respondia calmamente ao primeiro questionamento feito pelo loiro de vontade de ferro, porém novamente havia mais perguntas desnecessárias e respostas que um soldado simplesmente não teria motivos para saber. — Realize sua tarefa, Gwyndolin. Seguindo minhas ordens sempre estará fazendo um bem para Suna, afinal não há ninguém aqui que deseja mais do que eu que nossa vila prospere. — Sempre mantendo a calma e estampando carisma, o Shinigami Branco buscava alertar o loiro sobre sua postura. — Não serei mais tão condescendente futuramente com possíveis ultrajes e indisciplinas. — Por fim, sorriu, oferecendo um sorriso repleto de carisma que mascarava sua insatisfação com a maneira que agiam. — Conto com vocês, garotos.

Notavelmente, a postura do rapaz nascido da lua mudaria ligeiramente com a partida dos mais novos, afinal já não precisava mais esconder algum tipo de receio. — Não lhe respondi na presença deles, senhor Ishikawa, porém não acredito que são muito novos. — Ele levantou de sua poltrona e se dirigiu até a grande janela atrás de sua mesa, buscando visualizar a partida dos três jovens shinobis pela porta de entrada. — Não estamos mais em tempos de paz, isso já é uma realidade e eles devem estar preparados para o pior. Gostaria de poder realizar tudo sozinho e deixar todos vocês confortavelmente, entretanto isso não é possível e preciso contar com cada shinobi de Sunagakure. — Apesar de ser considerado um vilão, o futuro era nebuloso para Shüra e isso despertava certo receio em seu âmago, a prosperidade da Areia dependia dele e seu sonho também. — Chegou o momento em que decisões duras devem ser feitas e estou preparado para realizá-las.

Olhando por cima de seu ombro esquerdo, o Pulcro sorria perante a resposta dada pela Nara à sua pergunta levantada anteriormente; a última fala da jovem fez ainda escapar uma pequena gargalhada que o Kazekage logo buscou interromper em respeito a Kunoichi. — Não se preocupe, minha amiga, não terá nenhuma hospedagem, inclusive devo lhe pedir desculpas por tal ocorrido, afinal agora estamos do mesmo lado.

Ambos os restantes ali presentes desejavam saber qual seriam as responsabilidades incubidas a eles, o que de fato despertava um certo orgulho por parte do Hachidaime, afinal os dois ansiavam em cumprir seu papel para a Areia. — Senhorita Nara, sua missão será me acompanhar no encontro que terei com a Sombra da Névoa quando isto ocorrer. Certamente lutou ao lado de Warui e seu carisma inato o deve ter tocado, afinal ambos são dois seres peculiares de natureza pura. — O Uzumaki tinha as suas mãos inquietas enquanto as fagulhas das lembranças de seu primeiro encontro com o Mizukage agitavam sua mente levemente instável e feriam seu orgulho. — Será responsável pelo andar adequado de nossa reunião, peço que evite qualquer possível conflito e me ajude a manter a calma para não cortar a cabeça daquele homem, afinal eu e ele somos como água e óleo…

Por fim voltava sua atenção a seu parente distante que assim como ele era detentor de cabelos tão brancos quanto a neve. — Aru, a você eu atribuo uma tarefa simples de assassinato. — O pulcro fitava os olhos daquele com quem conversava e deixava escapar um sorriso no canto de sua boca enquanto observava como todo o ser daquele jovem iria responder a revelação de sua missão. — Ele se chama Keith Kazama, conhecido como Flick. Seu alvo é um homem que é procurado por roubar informações confidenciais do governo e busca vender estes segredos de estado a quem mais pagar por isto, portanto não preciso lhe dizer o quanto o bom resultado de sua missão é importante para evitarmos uma futura guerra desnecessária, certo? — Ele buscou entregar na mão do mesmo um pequeno envelope que continha as informações necessárias sobre o alvo. — Segundo nossa inteligência, ele está escondido em algum lugar a norte do deserto, portanto é para lá que deve seguir, todos os dados necessários você encontrará neste envelope.

Dado fim às formalidades e atribuições, finalmente Shüra havia encerrado aquela reunião de “emergência”. — Foi um prazer ter vocês em minha presença e fico extremamente contente em poder contar com vocês. Aru e Kuromi, vocês certamente são shinobis de alto escalão e por isso confio plenamente em vocês. Estão dispensados.

Ele voltava a vislumbrar pela grande janela atrás de sua mesa, buscando ver também a saída de ambos dos domínios do edifício. Espero que nenhum deles me decepcione… seria uma lástima ter que me livrar de qualquer um dos cinco. Em meio a isso, uma dúvida rasgava seus pensamentos. Onde diabos você está, Hisoka?