O tempo passava e simplesmente nada mudava. Não importava quantas vezes buscasse tentar se comunicar com a besta de cinco caudas que vivia dentro de si, nunca obtinha resposta alguma. Via-se sem um caminho para prosseguir e todo o seu progresso parecia ter sido completamente estagnado pela falta de colaboração em conjunto com a inexistência de informações sobre aqueles seres incríveis. Não podia permitir que as coisas continuassem dessa maneira; quanto mais os dias fluíam, mais inimigos surgiam, mais forte outras nações se tornavam e, o principal problema: mais perigo a Pandora corria diante de seu próprio poder. Kaginimaru, no passado, havia feito um juramento para si mesmo de que nunca permitiria que nada de ruim acontecesse para ela, mas para isso, necessitava usufruir ao máximo da entidade que o preenchia.

Neste fatídico dia, ninguém encontraria o Tsuchikage em seu gabinete, como seria de costume. Hoje, neste exato momento, ele se encontrava no pico mais alto do País da terra, em um penhasco tão elevado que, olhando de cima para baixo sequer era possível visualizar seu fim. Encarava o horizonte com um semblante indescritível. — Vai continuar sem me responder? — Rogava uma última vez, mas somente o vento forte da altitude lhe respondia. Estava decidido. Se Gobi não desejava colaborar consigo por bem, simplesmente iria por mal. Não sabia o que podia acontecer, mas uma pequena teoria própria fazia-lhe pensar na possibilidade de que suas dores também seriam sentidas pela fera selada, tendo em vista que a mesma também conhecia os sentimentos e as memórias do jovem, conforme foi demonstrado no passado.

Um último passo era dado. Ambos os pés se encontravam no limite e, agora, o Hanma apenas conseguia refletir sobre como sua amada acabaria o matando caso descobrisse sobre tal mirabolante ideia. Sorria sozinho.

E então, acontecia. Com um último passo em falso, e sorrindo, o jovem entrava em queda livre diante daquela altura incalculável. Não possuía noção se seu corpo, sozinho, resistiria ao impacto contra o solo, nem muito menos se receberia ajuda do Deus da Floresta que lhe habitava. Optava por não gritar, embora a adrenalina lhe trouxesse um intenso desejo de realizar. Estava de punhos cerrados e com o corpo ligeiramente inclinado para frente, ficando claro que, no momento do impacto, a primeira parte que se chocaria seria sua cabeça. De repente, fruto da grandiosa cratera que se formou no solo, um grandioso estrondo ecoou por toda a região.

Lá dentro, em sua própria mente, conseguia enxergar a feição de raiva de sua companheira. Apenas se mantinha em silêncio, levemente ansioso por estar reencontrando aquela figura. — Não sei se é burrice ou determinação, mas a sua coragem é impressionante... Dê um passo a frente, eu emprestarei o meu chakra para você. — A voz rouca e grave anunciava concomitantemente seu chakra esbranquiçado fluía por debaixo do portão que a prendia. Todo aquele fluxo envolvia o Tsuchikage e passava a fazer parte das reservas do próprio.

Em um piscar de olhos, tudo estava diferente. Kaginimaru sentia dor, mas ao mesmo tempo, sentia-se confortável e aquecido. Levantava-se com um pouco de dificuldade e extremamente ofegante, muito embora sentisse seu corpo muito mais energizado e misteriosamente mais forte. Até mesmo a visão que tinha estava inexplicavelmente diferente, como se não estivesse acostumado com seus próprios olhos. Foi quando visualizou seu próprio reflexo em uma pequenina poça d'água que pôde entender o que estava se passando; Gobi certamente agiu pelo bem de si mesma — ou talvez, pelo bem de ambos. Estava totalmente envolto numa espécie de manto de chakra vermelho, com ranhuras pelo rosto e com os olhos azulados, acompanhando também de marcas em tom vermelho escuro ao redor. Kagi sorria, satisfeito em finalmente conseguir realizar seu objetivo e verdadeiramente se aproximar mais da poderosa Kokuō.

Terminado aqui, o jovem passava a marchar, mancando, em direção à Iwagakure no Sato.

Considerações:

3 Bolsas de Armas + Colete (65 espaços):