Uma convocação bastante indesejada, tal qual todas as demais. Aparentemente, um evento onde o novo kage seria eleito e todas as pessoas estavam animadas, por algum motivo. Uma nova sombra não garante descanso, novas árvores, novos lenhadores. Penso de forma um tanto pessimista, arfando enquanto me arrumo de forma mais à caráter que o padrão mais militar de vestimenta que utilizo enquanto ninja. Não estou fazendo nenhum tipo de escolta, apesar de ainda manter-me preparada com minhas agulhas hasteadas por uma tira de couro em minha perna, ao interior de minha capa, enroladas por tiras explosivas como é de meu apreço ao utilizá-las.

O banho, tomado mais cedo foi deveras revigorante, acompanhado por fios ruivos que deitavam-se sobre a água em minha cintura, sorriso e o calor do corpo de minha companheira em alguns diálogos calmos. A família de Aka não estava tão interessada naquele evento, então, ia me acompanhando desde a noite anterior até o momento que me auxiliava com a escolha de roupas e outras posturas. A escolha de manter-me armada não era tão bem vista por esta, mas, considerando-se que ela não abria mão de sua espada em sua cintura falando sobre ser uma questão de estilo, a discussão pendeu-se para um hiato.

Uma longa capa alva, sutilmente cintilante por sua escolha de tecido, conectada à um pequeno terno fechado por um cinto largo de tons negros. Em meu pescoço estava uma gravata azul, tal qual também era o tom, apesar de um pouco mais claro, presente em ornamentações da calça que utilizaria para seguir até aquele evento. O tom também estava presente em sutis degradês de minha longa bota que abria-se em "v" na altura do joelho, cobrindo a lateral inferior de minhas coxas. Outro aspecto bastante chamativo na bota era o seu salto bastante alongado, algo em torno de quatorze centímetros, largo para não minar meu equilíbrio, mas, o suficiente para que ficasse em uma altura similar a de minha companheira. Carregaria comigo também uma espada de ornamentação, aproveitando o quão ia escalando em ranks e minha condição financeira estava mais aprimorada, coberta por tecidos prata, negros e azuis com uma joia em seu pomo. Como qualquer espada do cunho, não tinha utilidade alguma em combate.

Aka por sua vez vestia um longo sobretudo negro, alongado de pelo e um colete de couro por baixo. Seu longo e másculo cinto, roubado de seu pai por apreço, segurava uma calça robusta que cobria suas pernas largas. Era interessante ver o quão aquele manto também ajustava-se aos seus braços firmes e cada vez mais fortes. A cicatriz em seu pescoço de quando lutamos juntas era visível e a em sua face também, mas, isso nem de longo estragava o charme da ruiva. Sua bota não tinha salto, seria injusto estragar todo meu esforço e sua espada não era apenas ornamentação como a minha, apesar disso, sua bainha tinha uma composição bela de fios negros e vermelhos que tinha lhe conferido como um presente.

Quando saímos, logo encontramos com as demais garotas, minhas alunas, Tanya e Haru, esta última, particularmente chamativa com seu wagasa e seu estilo sempre bem diferencial. Mesmo Hanako, não presente, não tem o hábito de estar tão devidamente preparada visualmente para os eventos afim de cumprir seu desejo. Talvez, já o tenha até cumprido. - Estão magníficas. Olho para Aka como se pedisse uma aprovação de que tinha dito bem, já que ela ficou insistindo para eu ser mais gentil com minhas pupilas. - Bem, vamos? Ainda não tinha certeza de quem estaríamos indo observar, para ser sincera, poucas figuras eram realmente aptas no momento na vila. Havia a estranha conversa do plim plow e da professora no outro dia, mas, me pergunto se o mundo me reservaria tal sorte de ser relativamente próximo de quem poderia facilitar um pouco minha ascensão ao cargo de espadachim.

Quando estávamos ali, minha desconfiança acabava confirmando-se, e, Warui aparecia diante todos. - Nossa, que roupa mais mandato antepassado. Me queixo arqueando a sobrancelha em descontentamento. Eu poderia ter feito algo muito melhor, minha mãe então, nossa, mas não, outro kage escolhe a velha que nem deve enxergar mais para fazer as roupas. - Espero que o mandato seja melhor que as roupas. Que coisa mais Nidame Mizukage. Sim, eu tinha levado pro pessoal que minha família e seu histórico como tecelões por gerações continue sendo ignorado por aquela vila. Olho de lado, curiosa, quase, investigando visualmente se Haru demonstrava um pouco mais do "sentimento" que tinha sentido na biblioteca, até brincando com Hoshi apesar de ela não entender. - Você é meio verão neh, será que eu também fico assim primaveril contigo? Mas ela não responde.

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-Êêêêê... Falo sem força alguma agitando as mãos como palmas silenciosas, revirando meus olhos, encostando minha cabeça nos ombros de Hoshi, apesar de, assim, com alturas mais similares, isso ser um pouco mais desconfortável. - Ai, acho que acabou neh. Roupa feia, discurso clichê, roupa feia, o maluco que manda gente pra morte pra serem testadas, roupa feia... Viro meu olhar na direção dos olhos de Aka que reprova um pouco aparentemente a minha postura. - Já disse roupa feia neh?

Ela pelo menos sorri das minhas palavras que ignoram seu semblante de cão de guarda raivoso. - Sim, você já disse. Me levanto orgulhosa, de alguma forma estúpida, por ter deixado clara a minha desaprovação pela escolha do jovem, ao menos, para uma companheira. Não teria muito mais a fazer do que isto. No fim, desde que não seja um crápula, não era tão importante para mim quem sentava-se ao posto de líder da vila, mais importante era o potencial de isto prover-me a desejada paz. Não sabia se Warui seria um bom degrau para isto, pois, enquanto imagino que ele me veja como alguém capaz de acender ao posto almejado, também o vejo como alguém bem capaz de transformar o meu sonho de vagabundagem em trabalho desenfreado e missões suicidas constantes. Bem, precisaria continuar escalando e pagar para ver se aquilo era bom ou ruim para mim.

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