Este tópico trata-se de uma Quest de Profissão: Médico, classificada como Rank A e solicitada aqui. Redutores ativos: Vip Full e Redutor de Quest 2. Turnos necessários: 3.

ERA COMUM PARA HARU ouvir dizer da Srta. Abe: “O mal da verdade é o excesso de análise”. Às vezes, a cientista de olhos violeta se pegava pensando nos ensinamentos de sua tutora. Ainda que ora fosse a Cientista Chefe da Névoa, fora Sayuri quem a introduziu de vez nos caminhos da ciência, e a ela Haru deve honra e respeito.

　　　E, naquele exato instante, Haru confrontava uma das duras faces do ditado da ilustre Sayuri Abe.

　　　As mãos, banhadas de sangue, buscavam estancar as feridas do jovem Genin que tinha sob seus cuidados. Ela o examinara com a técnica de diagnose; o resultado não fora nada bom: a vida estava por um triz. Mesmo com as mãos infundidas em chakra curativo, a centelha de vida do garoto parecia cada vez mais distante. Haru sentia que o estava perdendo.

　　　Os olhos violeta percorreram o ambiente. Enxergou, sem a devida arte de observação, a sala branca do Hospital da Névoa. Era a ala de emergência, numa das cabines de pronto-socorro. Notou que recorria à falta de foco como um jeito de escapar da triste realidade logo abaixo de suas mãos.

　　　Não posso deixá-lo morrer, pensou, lutando contra os instintos do medo. Preciso me concentrar… Atenção no fluxo de chakra, o controle perfeito para resgatar sua vida.

Considerações:

　　　 O medo é o assassino da mente, repetia a Watanabi para si mesma.

　　　 O mantra ajudava no combate ao sentimento mais primitivo da humanidade, era como uma espada lendária numa disputa da qual não se pode fugir, em que o inimigo mais poderoso é o que está diretamente ligado às fraquezas da natureza humana: o medo. Um sentimento de duas faces, tão primordiais à vida; enquanto uma paralisa, a outra perpetua a espécie.

　　　 O segundo passo para reaver o foco abalado pelo medo vinha a seguir: o controle da respiração. Haru recorreu a um regime de inspiração e expiração controlado, meticulosamente ponderado e tendo a categórica ciência do que o oxigênio faria em seu corpo; como ele agiria em sua mente.

　　　Percebeu que a disposição retornava e, com ela, a precisão do chakra curativo. Um lampejo esmeralda da energia irradiou de seus dedos. O Genin, que arfava buscando fôlego, soltou o primeiro suspiro de alívio. E o sangue parou de verter: a palma mística foi como um dique para o rasgo no abdômen do garoto.

　　　Haru também suspirou aliviada. Finalmente um resultado positivo.

　　　 Captou o murmúrio ininteligível do Genin. E disse:

　　　 — Não se esforce para agradecer, permita-se repousar.

　　　 Após a finalização do processo de cura por chakra, ela limpou as mãos numa toalha branca que havia sobre a mesinha de auxílio. Fez o mesmo com o ferimento recém-fechado. Por fim, ajeitou a cabeça do rapaz no travesseiro da maca.

　　　 — O procedimento por chakra termina aqui — disse Haru. — Mas o natural do seu corpo começa agora. Então, lembre-se: repouse até que consiga de fato se mexer.

　　　 Com um ligeiro inclinar da cabeça, a garota levantou-se e deixou a cabine.

Considerações:

　　　— Srta. Watanabi — soou uma voz.

　　　Haru acabara de acortinar a cabine do Genin, foi logo inclinando-se na direção de quem a havia chamado, a voz que se destacou no meio do burburinho que tomava conta do hospital cheio naquele fim de tarde.

　　　Deparou-se com uma mulher de longos cabelos lilases e olhos cerúleos — ela era toda em tons pastéis. Trajava o típico uniforme dos médicos locais, mais um óculos pequeno e de armação circular.

　　　— Pois não? — Haru respondeu.

　　　— Gostaria de conversar com a senhorita. Poderia me acompanhar?

　　　Haru a observou ajeitar o óculos, estudou-a: era uma mulher que parecia ser direta e tinha algo importante a declarar. Por fim, a Watanabi anuiu com um suave meneio de cabeça.

　　　As duas caminharam juntas para longe da multidão, para um recesso do hospital. Lá, na sala da diretoria, a mulher se apresentou.

　　　— Sou Yumi Ito, Chefe do Hospital da Névoa. — Sentou-se à mesa branca que havia por ali e, ao mesmo passo, convidou Haru a fazer o mesmo. — É um prazer conhecê-la, Srta. Watanabi. Ouvi falar dos seus feitos.

　　　— É um prazer, Srta. Ito — respondeu Haru, aceitando o convite e tomando o lugar na frente de Yumi.

　　　— Serei direta: eu a vejo constantemente por aqui, ajudando como voluntária a tratar os ninjas feridos. É habilidosa com o ninjutsu de cura. Então, por que não se junta oficialmente ao hospital? Torne-se uma médica.

　　　Os orbes violeta da jovem cientista foram pegos por um lampejo fugaz. Muitas coisas singraram a mente astuciosa dela: um mar de pensamentos se agitava dentro de sua cabeça.

　　　O que fazer quanto a seu ofício?

　　　O cargo burocrático que ocupa é suficiente como retribuição à vila? Para protegê-la e honrá-la, como procura fazer com a ilustre Sayuri Abe, com Warui, Ashtar, Tanya e tantos outros?

　　　Pois foi a Névoa que emanou para Haru o calor da vida, que regara e fizera florescer a primavera de sua personalidade. Há uma dívida, quiçá uma cumplicidade; isso é inegável.

　　　Depois do arrebatamento que durou poucos segundos, Haru finalmente respondeu:

　　　— Eu aceito.

Considerações: