Lembro-me da última coisa que vi antes de piscar e desaparecer, carregando Squall comigo no teletransporte: Enganado e traído por Danzou, o líder da Folha a quem eu devia reverência, fui atacado por um jutsu de selamento de pedras caíam sobre nós e apenas eu seria rápido o suficiente para escapar daquilo. Um instante a mais, tudo seria escuridão.

　　  　　  No entanto, com a interferência da manopla amaldiçoada entrelaçando-se por todos os meus tenketsus, não pude controlar exatamente o ponto em que cairíamos. Pode ter sido apenas impressão minha, mas num milésimo de microsegundos, pensei ter visto a vila da névoa, da pedra, das ondas, até mesmo da folha, mas só me dei conta de onde realmente estava no piscar de olhos seguinte em que me escorei na árvore solitária sobre um morro rodeado apenas por uma relva branca de plantação de algodão que erguia-se na altura de nossos quadris. O sol parecia rosado, amanhecia, um amanhecer que se eu me esforçasse bastante para esquecer minutos atrás, seria até bonito.

　　  　　  ─── Aí, Chorão, você vai odiar saber disso… ─── cocei a nuca, olhando mais um pouco para o cenário que se estendia enquanto a outra mão dobrava-se na cintura ─── …mas acho que a gente tá no País do Relâmpago ─── dei de ombros e sorri, relaxado ─── Bom, ou era aqui ou a morte, então acho que tudo bem.

　　  　　  Respirei um pouco e andei alguns passos até a beirada da colina para apreciar a vista. Busquei no bolso interior do paletó de flores vermelhas e, veja só, eles estavam todos quebrados e queimados, impossíveis de serem fumados. Tsc, merda. Até mesmo o paletó tornou-se impossível de ser usado, então logo o joguei no chão ao pé da colina, despindo por completo o dorso e deixando à mostra todas as tatuagens. No pulso esquerdo, a manopla do Gato, na direita, a manopla que invocava a Espada de Insetos, Mushi Ha, mas fora isso e a katana na cintura, não havia mais nada.

　　  　　  Pouco a pouco, dei-me conta do que havia acontecido. Estávamos apátridas, expulsos de nosso próprio país e vila, tendo sido traídos e agora sabia que minha morte seria anunciada aos quatro cantos. Melhor ainda que isso, meu hiraishin não estava funcionando direito e eu sabia que se tentasse me teletransportar para mais de cem metros de distância, meu corpo poderia se rasgar no espaço-tempo, e isso, amigo, não é um fim muito bacana. Uma coisa era certa: estávamos fodidos e mal pagos.

　　  　　  ─── Então, o que quer fazer? ─── Olhei para os meus braços que queimavam, ardentes após o golpe com as garras de lava ─── Eu me lembro daqui, dessa marcação. Parece até poético, mas a fiz quando vim até aqui com Danzou, quando o acompanhei como seu guarda-costas. Estamos próximos ao bunker onde foi a reunião dos Kages… nós andamos por essas montanhas altas por um dia inteiro, mas lembro-me que lá embaixo tem uma vilinha simples e bem apessoada, com pessoas honestas e que poderão me ajudar. O que acha? Me parece um bom começo…

　　  　　  Parei mais um pouco para pensar, então voltei a atenção novamente pro Uchiha.

　　  　　  ──── Aí, cara, você parou pra pensar que agora somos nukenins?