A paisagem predominantemente verde contrastava bastante o cinza sem vida do País do Relâmpago. Segui a estrada, evitando os trechos principais por razões óbvias, enquanto me refamiliarizava com o País do Fogo. Já fazia alguns anos, e pra ser sincero, a nostalgia era inevitável. Cada missão, cada aula da academia, cada laço criado, cada momento vivido; tudo havia acontecido naquele local. Naqueles bosques. Naquela Vila. O chapéu de palha incomum sob minha cabeça escondia meu rosto, aliado à gola alta do sobretudo negro que usava. As pequenas faixas brancas atadas às beiras dele mantinham minha identidade escondida; minha cidadania local garantia que pudesse andar por aquelas terras sem preocupações com barreiras sensoriais. O pequeno sino, também preso ao chapéu, badalou uma vez quando levantei a cabeça para observar a figura que me esperava mais adiante.

- Achei que fosse amarelar. - Murmurei, parando ao lado dele, sem contato visual. Sua aprência era identica à minha. Ao menos no que tratava dos trajes. - Já faz algum tempo. Engraçado ver como agora precisamos andar omissos por aqui. - Disse, finalmente levantando a cabeça, revelando o rosto por baixo do chapéu. Mirei o topo do muro à nossa frente, para onde saltei, sabendo que seria seguido sem demora. Parei por alguns instantes para observar a vista; a Folha em todo seu esplendor. Não ousei soltar um único som. Não podia. Precisava do momento para rever minha antiga casa. No fundo, emaranhado e escondido em meio à raiva e o ódio, sentia uma fagulha de saudade que não podia se apagar. Mas, o tempo não era propício. - Está pronto? - Não sabia se estava perguntando ao outro, ou a mim mesmo. - Antes de começarmos, vamos andar um pouco. Vou deixar algumas precauções por aí. - Falei, saltando para baixo do muro.

Com o rosto coberto outra vez, mirei as ruas turbulentas do Centro, que deviam estar como um formigueiro àquela hora do dia. Especialmente com o calor do verão em alta.

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